Em preto, as
mensagens de José Carlos da Cunha
Ferreira (xedre 2000) questionando a Editora
Quadrante; e, em vermelho, as do Pe.
Antonio Carlos Rossi Keller, sacerdote do Opus
Dei, defendendo a Quadrante (no debate, as citações do oponente estão em
corpo menor e, como é usual nas listas da Net, precedidos de > ). Em verde
as mensagens de terceiros.
As mensagens 23 e
24 são da lista "Católicos".
As mensagens 25 e seguintes são da lista "Jovens
na Fé".
***********************
Msg 1) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Sex Dez 6, 2002 7:53 am
Assunto: Opus Dei - dúvida
institucional
Enviei à Editora Quadrante a seguinte
consulta e enquanto espero a resposta, gostava também de saber da experiência
pessoal dos colegas da lista.
Muito obrigado
J. Carlos
Exmo. Sr. Presidente da Quadrante, Soc.
Publ. Cult.
Prezado Senhor,
Primeiramente, permita-me externar-lhe meus
cumprimentos pelo trabalho dessa casa editorial.
Tenho, porém, uma dúvida que gostava de
esclarecer: meus filhos, que frequentam clubito e Centro de estudantes da Opus
Dei, dizem-me que compre as assinaturas do Círculo de Leitores porque assim
estaria a ajudar a editora da Opus Dei.
Ao que me consta do labor da Opus Dei em
outros países, não existem editoras pertencentes à Prelatura. Mas os
pequenos insistem em que, o caso da Quadrante é excepcional e toda a gente
sabe que é uma editora da Obra, o que daria à Quadrante uma espécie de ISO
9000 de ortodoxia doutrinal, além da obrigação moral dos cooperadores da
Opus Dei colaborarem com as campanhas anuais – nas quais efectivamente se
engajam os sócios da Opus Dei - para angariar novos assinantes para o Círculo
de Leitura da Editora Quadrante.
Para dirimir a pequena "querela
familiar" peço-lhe que me dê a resposta exacta para a pergunta: É a
Quadrante editora oficial ou oficiosa da Opus Dei?
Muito Obrigado
José Carlos da Cunha Ferreira
*************************
Msg 2 ) De: "Pe. Antonio Carlos
Rossi Keller" <acrkel.> Data: Sex Dez 6, 2002
12:20 pm
Assunto: Re: [MUNDO CATÓLICO] Opus Dei
- dúvida institucional
A Editora Quadrante não é Editora oficial
do Opus Dei. É um apostolado levado adiante sempre com muito sacrifício, por
membros da Obra, que publica livros não só da espiritualidade do Opus Dei,
mas também de outras "linhas", além de clássicos da
espiritualidade cristã. Naturalmente, todos os que, de alguma forma, estão
ligados à Obra, empenham-se muito em divulgar os "livros" da
Quadrante, pela boa Doutrina que espalham e pelo fato de que a Quadrante seja
uma pequena Editora, que precisa mesmo de muita divulgação, que é sempre
feita como é o costume dos apostolados da Obra: apostolado "pessoa a
pessoa".
Pe. Antonio Carlos
**************************
Msg 3) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Sex Dez 6, 2002 1:13 pm
Assunto: Re: [MUNDO CATÓLICO] Opus Dei
- dúvida institucional
Agradeço-lhe, reverendo Padre, pelos
esclarecimentos. Mas, minhas dúvidas persistem, e inclusivamente aumentaram,
a partir de sua resposta:
> Naturalmente, todos os que, de alguma forma, estão
ligados
> à Obra, empenham-se muito em divulgar os
"livros" da Quadrante,
> pela boa Doutrina que espalham
Pois sempre ouvi a própria Opus Dei (e li
no São Josemaria Escrivá) apregoar a liberdade e o pluralismo,
inclusivamente em matéria teológica, e pareceu-me estranho que o senhor
padre diga:
> Naturalmente, todos...
Em que ficamos? Se a Editora Quadrante não
é a editora oficial da Opus Dei, como então entender sua afirmação:
"NATURALMENTE, TODOS os que, de alguma forma, estão ligados à Obra,
empenham-se muito em divulgar os livros da Quadrante"??!!
Esta adesão, este empenho unânime não
configuraria pelo menos um carácter de editora oficiosa da Opus Dei no
Brasil? Existe na Opus Dei do Brasil esta unanimidade de pensamento que não
se encontra na Opus Dei de outros países? Esta unanimidade, mesmo em obras de
espiritualidade", não atentaria contra o pluralismo que, segundo seu
Fundador, é essencial à própria Opus Dei?
Muito obrigado
J. Carlos
**************
Msg 4 ) De: "Pe. Antonio Carlos
Rossi Keller" <acrke> Data: Sáb Dez 7, 2002 12:10 pm
Assunto: Fw: [MUNDO CATÓLICO] Opus Dei
- dúvida institucional
> Pois sempre ouvi a própria Opus Dei (e li no São
Josemaria Escrivá) apregoar a liberdade e o pluralismo,
> inclusivamente em matéria teológica, e pareceu-me
estranho que o senhor padre diga:
Pluralismo em matéria teológica? O Opus
Dei não tem teologia própria, mas divulga a Teologia segura da Santa Igreja.
A liberdade e o pluralismo que a Obra apregoa é no sentido do Apostolado
(diversidade, criatividade, inserimento nas realidades humanas etc...). Mas a
Teologia que os membros da Obra aprendem e ensinam é a Teologia da Igreja, de
profunda adesão ao Magistério Eclesiástico.
> Em que ficamos? Se a Editora Quadrante não é a
editora oficial da Opus Dei, como então entender sua
> afirmação: "NATURALMENTE, TODOS os que, de
alguma forma, estão ligados à Obra, empenham-se
> muito em divulgar os livros da Quadrante"??!!
O "todos" quer dizer que nós,
membros da Obra, não somos obrigados por nenhum vínculo a divulgar as obras
editadas pela Quadrante. "Todos" quer dizer "aqueles que
decidam fazer isso", conscientes de que hoje, nas Editoras Católicas, não
se encontre muita coisa de sólido em matéria de espiritualidade.´Quando se
encontra coisas boas, de outras Editoras, procuramos também divulgar. Mesmo a
Quadrante faz isso: nos seus catálogos, estão incluidos livros de outras
Editoras.
> Esta adesão, este empenho unânime não
configuraria pelo menos um carácter de editora oficiosa da Opus Dei no
Brasil?
O empenho fundamenta-se no fato de que,
para divulgar o espírito do Opus Dei, a Quadrante é praticamente a única
Editora que assim o faz.
O que é certo é que a Quadrante NÃO é uma
Editora do Opus Dei.
> Existe na Opus Dei do Brasil esta unanimidade de
pensamento que não se encontra na Opus Dei de outros países?
Na Espanha, por exemplo, existe a Editora
PALABRA, na mesma situação da Quadrante. Assim também em outros países. As
publicações "oficiais" do Opus Dei são aquelas realizadas pela
Prelazia, ou pelas Regiões. Estas publicações NUNCA são publicadas pela
Quadrante, por exemplo.....
> Esta unanimidade, mesmo em obras de
espiritualidade", não atentaria contra o pluralismo que, segundo seu
Fundador, é essencial à própria Opus Dei?
De forma alguma atentaria, já que,
juntamente com obras de autores membros da Obra (sacerdotes e leigos), são
publicados clássicos da Espiritualidade crista.
Por exemplo, na Espanha, publicou-se a
monumental obra "Las tres edades de la vida interior", do Pe.
Garrigou Lagrange (dominicano). Existem inúmeros outros exemplos.
Pe. Antonio Carlos
*****************
Msg 5) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Sáb Dez 7, 2002 2:17 pm
Assunto: Re: Fw: [MUNDO CATÓLICO] Opus
Dei - dúvida institucional
Rev.mo Padre, ao ler sua resposta pude
chegar a algumas conclusões mas ao mesmo tempo uma que outra dúvida se
intrometeu em meu espírito.
Parece-me que precisamos dividir as questões
a fim de discutir com mais sistematicidade:
1 - De facto, não creio que haja
pluralismo em matéria teológica dentro da Opus Dei, da Opus Dei enquanto
instituição, mas que haja pluralismo em matéria teológica entre os membros
da Opus Dei. Um membro da Opus Dei, mesmo sendo um membro laico, possui a
liberdade intelectual de abrir novas sendas para a reflexão teológica, e
submeter-se ao Magistério da Igreja, como qualquer pensador católico. Estou
em erro?
2 - A liberdade e o pluralismo que a Obra
apregoa no sentido do Apostolado (diversidade, criatividade, inserimento nas
realidades humanas etc...), se de facto forem aplicados ao caso da Editora
Quadrante, é uma coisa muito boa e me deixa mais tranquilo, pois aquela
obrigação moral de comprar as assinaturas deixa de impor-se e vou dizê-lo
hoje mesmo aqui em casa no jantar.
Como não se trata de uma obrigatoriedade
eu posso inclusivamente expor um certo desagrado diante do comportamento
comercial da Quadrante.
Isto não o exponho aqui para não comprometer
a imagem da prestigiosa editora nem melindrar os membros da Opus Dei que nela
trabalham e a ela defendem com quase a mesma dedicação com que trabalham e
defendem a Opus Dei.
3 - Se, de facto, conforme suas palavras,
"O 'todos' quer dizer que nós, membros da Obra, não somos obrigados por
nenhum vínculo a divulgar as obras editadas pela Quadrante." e "
"Todos" quer dizer "aqueles que decidam fazer isso"",
fico, volto a dizê-lo, mais tranquilo em minha consciência, na medida em que
algumas obras da Quadrante me pareceram um tanto ou quanto medíocres,
tirando, é claro, as de alguns autores mais talentosos como o Bispo Rafael
Llano Cifuentes e o Padre Francisco Faus. De resto, há uma série de livritos,
digamos assim... modestos, como "A Sogra Ideal", que me pareceu
espantosamente fraco.
4 - Quando o senhor diz que os membros da
Obra que decidem divulgar o Círculo de Leitores da Quadrante o fazem
"conscientes de que hoje, nas Editoras Católicas, não se encontre muita
coisa de sólido em matéria de espiritualidade.´", peço-lhe perdão
mas discordo. Basta verificar que, graças a Deus, há muitas coisas boas em
matéria de espiritualidade dentro das Editoras católicas. Evidentemente, de
uma espiritualidade que às vezes nada tem a ver com a espiritualidade da Opus
Dei, mas neste caso estamos a falar em espiritualidade e não propriamente em
teologia, pois não? De modo que esta consciência deixa-me tranquilo com relação
ao facto de que não preciso realmente assinar o Círculo de Leitores, uma vez
que há nas livrarias livros bons. Evidentemente, terei que escolher com critério,
coisa que nem sempre o Círculo de Leitores me permite, pois compramos o
pacote fechado, sem saber que nos deparará uma Sogra Ideal no meio da
assinatura.
5 - Se a própria Quadrante, divulga e
vende no seu catálogo "coisas boas, de outras Editoras", permita-me
dizê-lo que isto demonstra que há coisas sólidas dentro do caldo editorial,
e que temos de desenvolver critérios para a escolha.
6 - Depois o senhor afirma que "O
empenho fundamenta-se no fato de que, para divulgar o espírito do Opus Dei, a
Quadrante é praticamente a única Editora que assim o faz." - bom, neste
caso estamos a falar de uma terceira coisa e, daí surege uma outra pequena dúvida:
então se um membro da Opus Dei decide, conscientemente, não engajar-se na
divulgação das obras editadas pela Quadrante, está a ter mau espírito, uma
vez que a Quadrante é "praticamente a única Editora que assim o
faz"? E uma pequena dúvida de ordem que eu diria gramatical: a Quadrante
é praticamente a única... Mas existe outra? Qual?
7 - E o senhor afirma rotundamente: "O
que é certo é que a Quadrante NÃO é uma Editora do Opus Dei." Se isto
é certo eu sei e o senhor a confirma. No entanto, ao que me parece podemos
dizer que a Quadrante é um braço importante para o apostolado da Opus Dei no
Brasil, ou não teriam os seus membros tanto empenho em vender os livros
(mesmo os que não são da autoria do Fundador), muitos desses livros de
qualidade discutível ou, pelo menos, sujeita às diferentes opiniões, tendências
intelectuais e gostos de cada um. Por exemplo, eu não consegui ler até o
final o livrito "Pensar por conta própria", justamente porque prezo
muito o pensar por conta própria!
8 - E o senhor afirma que "As publicações
"oficiais" do Opus Dei são aquelas realizadas pela Prelazia, ou
pelas Regiões. Estas publicações NUNCA são publicadas pela Quadrante, por
exemplo....." Por exemplo? Então os livros do Fundador - a saber,
Caminho, Forja e Sulco, por exemplo - não são oficiais da Prelatura? Não
estou a perceber que tipo de publicações oficiais são essas. Mas imagino
que tais publicações não têm carácter comercial, de modo que não entram
em nossa questão. A questão é se a Quadrante é ou não é necessária para
que a Opus Dei no Brasil realize seu apostolado com as pessoas em geral, entre
as quais eu me incluo naturalmente.
Perdoe-me esmiuçar de tal modo a questão,
mas como ainda não recebi uma resposta da própria Editora Quadrante, é por
sua mediação e boa vontade que eu estou a esclarecer-me esse assunto.
Mais uma vez muito obrigado
J. Carlos
****************
Msg 6) De: "Pe. Antonio Carlos
Rossi Keller" <acrkell...> Data: Sáb Dez 7, 2002 3:16
pm
Assunto: Fw: Fw: [MUNDO CATÓLICO] Opus
Dei - dúvida institucional
> 1 - De facto, não creio que haja pluralismo em
matéria teológica dentro da Opus Dei, da Opus Dei enquanto
> instituição, mas que haja pluralismo em matéria
teológica entre os membros da Opus Dei. Um membro da
> Opus Dei, mesmo sendo um membro laico, possui a
liberdade intelectual de abrir novas sendas para a reflexão
> teológica, e submeter-se ao Magistério da Igreja,
como qualquer pensador católico.Estou em erro?
Não está em erro.
> 2 - A liberdade e o pluralismo que a Obra
apregoa no sentido do Apostolado (diversidade, criatividade,
> inserimento nas realidades humanas etc...), se de
facto forem aplicados ao caso da Editora Quadrante, é uma
> coisa muito boa e me deixa mais tranquilo, pois
aquela obrigação moral de comprar as assinaturas deixa de
> impor-se e vou dizê-lo hoje mesmo aqui em casa no
jantar. Como não se trata de uma obrigatoriedade eu
> posso inclusivamente expor um certo desagrado
diante do comportamento comercial da Quadrante. Isto não o
> exponho aqui para não comprometer a imagem da
prestigiosa editora nem melindrar os membros da Opus Dei
> que nela trabalham e a ela defendem com quase a
mesma dedicação com que trabalham e defendem a Opus
> Dei.
Não poderia ser diferente, já que as
publicações, em geral são muito boas.
> 3 - Se, de facto, conforme suas palavras,
"O 'todos' quer dizer que nós, membros da Obra, não somos
> obrigados por nenhum vínculo a divulgar as obras
editadas pela Quadrante." e " "Todos" quer dizer
"aqueles
> que decidam fazer isso"", fico, volto a
dizê-lo, mais tranquilo em minha consciência, na medida em que algumas
> obras da Quadrante me pareceram um tanto ou quanto
medíocres, tirando, é claro, as de alguns autores mais
> talentosos como o Bispo Rafael Llano Cifuentes e o
Padre Francisco Faus. De resto, há uma série de livritos,
> digamos assim... modestos, como "A Sogra
Ideal", queme pareceu espantosamente fraco.
É uma questão de gosto. Minha mãe gostou
muito deste "livrinho", pois percebeu que necessitava mudar em
muitas coisas seu relacionamento com meu cunhado.....
> 4 - Quando o senhor diz que os membros da Obra
que decidem divulgar o Círculo de Leitores da Quadrante
> o fazem "conscientes de que hoje, nas Editoras
Católicas, não se encontre muita coisa de sólido em matéria de
> espiritualidade.´", peço-lhe perdão mas
discordo. Basta verificar que, graças a Deus, há muitas coisas boas em
> matéria de espiritualidade dentro das Editoras católicas.
Realmente, hoje quase tudo que se publica
pelas Vozes, Paulinas etc... e tal pode ser chamado de
"espiritualidade". A Quadrante tem um compromisso com algumas deficiências
em relação às publicações de hoje: a prática das virtudes humanas e
sobrenaturais. A espiritualidade do Opus Dei, arraigada no principio da busca
da santidade no meio das realidades concretas do mundo exige uma orientação
muito prática em relação à questão das virtudes. Daí os títulos
publicados serem, em muitos casos, aparentemente "simplórios" (A
Generosidade, A Língua, A sogra ideal, etc...). Na verdade, são orientações
em relação a virtudes vividas "no meio da rua", como dizia São
Josemaría.
> Evidentemente, de uma espiritualidade que às
vezes nada tem a ver com a espiritualidade da Opus Dei, mas
> neste caso estamos a falar em espiritualidade e não
propriamente em teologia, pois não? De modo que esta
> consciência deixa-me tranquilo com relação ao
facto de que não preciso realmente assinar o Círculo de
> Leitores, uma vez que há nas livrarias livros
bons. Evidentemente, terei que escolher com critério, coisa que
> nem sempre o Círculo de Leitores me permite, pois
compramos o pacote fechado, sem saber que nos
> deparará uma Sogra Ideal no meio da
assinatura.
Quem poderia reclamar com maior insistência
em relação a este título seria eu, que não tenho sogra....
> 5 - Se a própria Quadrante, divulga e vende no
seu catálogo "coisas boas, de outras Editoras", permita-me
> dizê-lo que isto demonstra que há coisas sólidas
dentro do caldo editorial, e que temos de desenvolver
> critérios para a escolha.
Foi exatamente isso que eu disse. A produção
editorial hoje, no setor católico, tem de tudo um pouco.....
> 6 - Depois o senhor afirma que "O empenho
fundamenta-se no fato de que, para divulgar o espírito do Opus
> Dei, a Quadrante é praticamente a única Editora
que assim o faz." - bom, neste caso estamos a falar de uma
> terceira coisa e, daí surege uma outra pequena dúvida:
então se um membro da Opus Dei decide,
> conscientemente, não engajar-se na divulgação
das obras editadas pela Quadrante, está a ter mau espírito,
> uma vez que a Quadrante é "praticamente a única
Editora que assim o faz"?
No meu ponto de vista, seria sim sinal de
mau espírito, pois existiria uma decisão de não divulgar obras que divulgam
o espírito da Obra. Um ou outro livro, até pode-se entender. Mas, de príncipio,
negar-se a colaborar na divulgação do espírito da Obra, parece-me ser de
mau espírito sim.
> E uma pequena dúvida de ordem que eu diria
gramatical: a Quadrante é praticamente a única... Mas existe
> outra? Qual?
Existem produções pessoais, por exemplo,
de membros do Opus Dei, na àrea da Catequese infantil. Mesmo na Internet
existem de certa forma "publicações" (por exemplo, http://www.portaldafamilia.hpg.ig.com.br/index.htm),
além de obras de membros do Opus Dei (portanto, portadoras do espírito da
Obra), publicadas por outras Editoras católicas ou leigas (por exemplo,
livros de D. Rafael Cifuentes).
> 7 - E o senhor afirma rotundamente: "O que
é certo é que a Quadrante NÃO é uma Editora do Opus Dei." Se
> isto é certo eu sei e o senhor a confirma. No
entanto, ao que me parece podemos dizer que a Quadrante é um
> braço importante para o apostolado da Opus Dei no
Brasil, ou não teriam os seus membros tanto empenho
> em vender os livros (mesmo os que não são da
autoria do Fundador), muitos desses livros de qualidade
> discutível ou, pelo menos, sujeita às diferentes
opiniões, tendências intelectuais e gostos de cada um. Por
> exemplo, eu não consegui ler até o final o
livrito "Pensar por conta própria", justamente porque prezo muito o
> pensar por conta própria!
Feliz do senhor que tem critério para
"pensar por conta própria". Os jovens de minha paróquia que leram
o livrinho, apreciaram muito o mesmo. Não são todos os católicos os que,
hoje em dia, tem suficiente capacidade para formar critérios alicerçados na
fé.....
A Quadrante, como afirmei anteriormente, é um
apostolado de leigos da Obra, assim como existem outros leigos da obra que
mantém apostolados organizados em escolas públicas, universidades,
hospitais, etc... e que não estão agindo "oficialmente" em nome da
Obra. Esta é a grande marca da espiritualidade do Opus Dei e de seu
apostolado: a liberdade no agir do cristão, no meio das realidades normais da
vida, por conta própria, com responsabilidade própria. Assim sendo, a
Quadrante é uma das iniciativas dos membros do Opus Dei, não como "um
braço" da Prelazia, mas por iniciativa própria.
> 8 - E o senhor afirma que "As publicações
"oficiais" do Opus Dei são aquelas realizadas pela Prelazia, ou
pelas
> Regiões. Estas publicações NUNCA são publicadas
pela Quadrante, por exemplo....." Por exemplo? Então
> os livros do Fundador - a saber, Caminho, Forja e
Sulco, por exemplo - não são oficiais da Prelatura?
Não, os livros do fundador não são
apresentados em edições "oficiais" da Prelazia. Se assim o fossem,
deveriam ter o "imprimatur" do Prelado, e não o tem. Publicações
oficiais são aquelas definidas como tal (Revistas, Comunicações etc...) que
são impressas nas graficas oficiais da Prelazia.
> Não estou a perceber que tipo de publicações
oficiais são essas. Mas imagino que tais publicações não têm
> carácter comercial, de modo que não entram em
nossa questão.
Exatamente.
A questão é se a Quadrante é ou não é
necessária para que a Opus Dei no Brasil realize seu apostolado com as
pessoas em geral, entre as quais eu me incluo naturalmente.
A Quadrante é um instrumento extraordinário
para o desenvolvimento do Apostolado da Obra. Só que, mais uma vez o repito,
não é de "propriedade" da Prelazia. A Quadrante é, antes de tudo,
fruto da audácia santa de alguns membros da Obra, que resolveram suprir um
"buraco" na questão da formação (bons livros) não só para os
membros do Opus Dei, mas para todos os que quiserem utilizar-se de seus serviços
editoriais.
> Perdoe-me esmiuçar de tal modo a questão, mas
como ainda não recebi uma resposta da própria Editora
> Quadrante, é por sua mediação e boa vontade que
eu estou a esclarecer-me esse assunto.
Sempre às suas ordens no que puder
ajuda-lo.
Pe. Antonio Carlos
*********************
Msg 7) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Sáb Dez 7, 2002 4:15 pm
Assunto: Re: [Edit. Quadrante] Opus Dei
- dúvida institucional
Rev.mo Padre,
Para não estender demasiado nosso diálogo,
devo dizer ao senhor padre que suas respostas vêm a confirmar exactamente
aquilo que eu já pensava: a Editora Quadrante não é oficial da Opus Dei sem
deixar de sê-lo... (depois os portugueses é que são complicados...).
Subtilezas retóricas à parte, é o que o
senhor padre está a dizer ao responder à minha pergunta: "se um membro
da Opus Dei decide, conscientemente, não engajar-se na divulgação das obras
editadas pela Quadrante, está a ter mau espírito?"
O senhor padre responde:
> No meu ponto de vista, seria sim sinal de mau
espírito, pois existiria uma
> decisão de não divulgar obras que divulgam o espírito
da Obra.
Perdoe-me o senhor padre, mas parece-me
haver aí uma reducção tremenda do espírito da Opus Dei a uma série de
livritos de valor muito variado, muitos deles medíocres , na minha opinião.
E parece-me um tanto bizarro que a Opus Dei, que se cerca de cuidados para,
seguindo seu fundador, respeitar a liberdade e a iniciativa individuais de
seus membros, venha a comprometer-se (ainda que não oficialmente, mas sem
deixar de sê-lo) com um catálogo de livros bastante discutível (e em alguns
casos, francamente medíocre)...
O senhor padre diz ainda:
"assim como existem outros leigos da obra que
mantém apostolados organizados em escolas públicas, universidades,
hospitais, etc... e que não estão agindo 'oficialmente' em nome da
Obra."
Desculpe-me, mas é flagrante contradição
(pelo que conheço da Opus Dei) o "clericalismo" (tão abominado
pelo fundador) de um membro da Obra, digamos, tratar-se em hospitais ou almoçar
em restaurantes dirigidos por "membros da Obra" pelo simples facto
de serem iniciativas de outros membros da Opus Dei. Mas no caso dos livros da
Quadrante parece que esse "clericalismo" vige e, isto, parece-me uma
contradição.
Muito obrigado
J. Carlos
N. B.: Consta-me por amigos da Obra
estrangeiros que em Portugal, em Espanha e em outros países não há nem
sombra de obrigação de adesão a um projecto editorial (por melhor que ele
fosse) em relação às correspondentes Quadrantes de cada país.
***************
Msg 8) De: "Pe. Antonio Carlos
Rossi Keller" <acrkeu...> Data: Sáb Dez 7, 2002 5:34
pm
Assunto: Re:[MUNDO CATÓLICO] Re: [Edit.
Quadrante] Opus Dei - dúvida institucional
> Para não estender demasiado nosso diálogo,
devo dizer ao senhor padre que suas respostas vêm a confirmar
> exactamente aquilo que eu já pensava: a Editora
Quadrante não é oficial da Opus Dei sem deixar de sê-lo...
> (depois os portugueses é que são complicados...).
Subtilezas retóricas à parte,
A sutileza retórica é conclusão sua. O
que o senhor me perguntou, eu já lhe respondi: a Quadrante NÃO É UMA
EDITORA OFICIAL DO OPUS DEI. Só isso. Vou repetir-lhe: é uma iniciativa
apostólica de alguns leigos do Opus Dei, que tem a aprovação de muitos
membros do Opus Dei, como também de outros que não o são.
Pura e simplesmente, é isso. Ou seja, para
"abrir" a Quadrante, os seus idealizadores não tiveram necessidade
de nenhum tipo de aprovação das autoridades da Obra.
> é o que o senhor padre está a dizer ao
responder à minha pergunta: "se um membro da Opus Dei decide,
> conscientemente, não engajar-se na divulgação
das obras editadas pela Quadrante, está a ter mau espírito?"
> O senhor padre responde: "No meu ponto de
vista, seria sim sinal de mau espírito, pois existiria uma decisão
> de não divulgar obras que divulgam o espírito da
Obra".
Tenho ou não o direito a ter minha opinião?
Minha opinião não é a opinião "oficial" do Opus Dei. Porisso
mesmo disse: "no meu ponto de vista": meu ponto de vista.....
> Perdoe-me o senhor padre, mas parece-me haver aí
uma reducção tremenda do espírito da Opus Dei a uma
> série de livritos de valor muito variado, muitos
deles medíocres , na minha opinião.
O senhor tem todo o direito de ter suas
opiniões a respeito dos "livritos" da Editora Quadrante.
> E parece-me um tanto bizarro que a Opus Dei, que
se cerca de cuidados para, seguindo seu fundador,
> respeitar a liberdade e a iniciativa individuais de
seus membros, venha a comprometer-se (ainda que não
> oficialmente, mas sem deixar de sê-lo) com um catálogo
de livros bastante discutível (e em alguns casos,
> francamente medíocre)...
Sempre sua opinião....
Parece-me também muito exagerado afirmar que
o catálogo de livros da Quadrante seja "discutível": Estou com o
Catálogo aqui... Alguns autores dos "livritos" da Quadrante: Escrivá
de Balaguer, Jacques Leclercq, São João d'Avila, Raniero Cantalamessa, Thomás
More, Benson, Henri Ghéon, Karl Adam, Georges Chevrot, Leo Trese, Frei Luis
de Granada, Boaventura Kloppenburg, Estevão Bettencourt, Francisco Fernandes
Carvajal (Falar com Deus em 7 volumes, com Meditações para cada dia do ano),
Federico Suares, Romano Guardini, etc....
> O senhor padre diz ainda: "assim como
existem outros leigos da obra que mantém apostolados organizados em
> escolas públicas, universidades, hospitais,
etc... e que não estão agindo 'oficialmente' em nome da Obra."
> Desculpe-me, mas é flagrante contradição (pelo
que conheço da Opus Dei) o "clericalismo" (tão abominado
> pelo fundador) de um membro da Obra, digamos,
tratar-se em hospitais ou almoçar em restaurantes dirigidos
> por "membros da Obra" pelo simples facto
de serem iniciativas de outros membros da Opus Dei. Mas no caso
> dos livros da Quadrante parece que esse
"clericalismo" vige e, isto, parece-me uma contradição.
É sua opinião, a qual não compartilho.
Ou seja, quer dizer que estou sendo "clerical" pelo fato de ler ou
indicar livros da Quadrante, ou aconselhar, por exemplo, a assinatura do Círculo
de Leitura? Desculpe-me, mas essa é demais.....
> N. B.: Consta-me por amigos da Obra estrangeiros
que em Portugal, em Espanha e em outros países não há
> nem sombra de obrigação de adesão a um projecto
editorial (por melhor que ele fosse) em relação às
> correspondentes Quadrantes de cada país.
Aqui também não há obrigação.
*************
Msg 9) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Sáb Dez 7, 2002 6:54 pm
Assunto: [MUNDO CATÓLICO] Re: [Edit.
Quadrante] Opus Dei - dúvida institucional
Rev.mo Padre,
Espero não estar a maçá-lo
excessivamente, mas noto que, de facto, temos aqui um embate de opiniões
pessoais, graças a Deus. Se porventura o senhor fosse representante oficial
da Opus Dei ou da Editora Quadrante, eu cá não poderia expressar-me com
liberdade.
Muito bem, eu creio firmemente que a
Quadrante NÃO É UMA EDITORA OFICIAL DO OPUS DEI. É apenas uma entre tantas
outras iniciativas de sócios da Opus Dei e que, se possui a aprovação de
muitos membros da Opus Dei e de outros que não o são, é natural e lógico
(a unanimidade não é exigida, pois não?) que não receba a aprovação de
outros (poucos ou muitos) membros da mesma Opus Dei, bem como de outros que não
o são.
Se para "abrir" a Quadrante, os seus
idealizadores não tiveram necessidade de aprovação das autoridades da Obra,
é de supor que as autoridades da Obra não têm necessidade de impor que
todos se engajem na comercialização desses mesmos livros. Não têm
necessidade e, se impusessem tal tipo de atividade aos seus sócios
brasileiros, estariam incorrendo em flagrante contradição.
O que me causa espécie é que os meninos da
Opus Dei que me procuram para vender a assinatura do Círculo de Leitores
parecem fazê-lo como que imbuídos de uma obrigação moral que se concretiza
no cumprimento de metas de venda bem definidas, ainda que, como já constatei
empiricamente, nem sempre tenham lido os mesmos livros que estão a divulgar e
a vender...
O senhor padre tem todo o direito de,
segundo seu ponto de vista, julgar que um sócio da Opus Dei esteja errado e
manifeste um sinal de mau espírito por não querer divulgar os livros da
Quadrante que, não sendo EDITORA OFICIAL DO OPUS DEI, não possui direito
algum de obrigar quem quer seja (a não ser os funcionários que contrate e
remunere) a divulgar obras que divulgam o espírito da Obra. Na verdade, é
muito possível que esses mesmos sócios da Obra que têm o direito de
cultivar e defender opiniões editoriais distintas, possam difundir o espírito
da Obra mediante outros meios, inclusivamente meios mais interessantes como a
devoção ao Santo Josemaría. Neste caso, sim, se um sócio da Obra se
recusasse a difundir tal devoção penso que, independentemente de nossas
pessoais opiniões, a própria Opus Dei se encarregaria de verificar em que
medida incorre esse sócio em mau espírito.
Tenho cá minhas opiniões a respeito dos
"livritos" da Editora Quadrante, e desculpe-me se os chamo de
livritos, mas de facto muitos deles são de pequenas dimensões e muitos
deles, inclusivamente alguns de autoria de ilustres autores citados pelo
senhor padre, "mutilados" (por sabe-se lá que critérios
editoriais), como no caso de OS SINAIS SAGRADOS, de Romano Guardini, por
exemplo ou do par de livritos de S. Agostinho.
Se lhe parecem minhas opiniões exageradas,
vamos a ver...
O senhor padre toma o Catálogo e menciona
os autores publicados pela Quadrante:
Escrivá de Balaguer - eu não incluí o
Fundador entre os autores medíocres, mas creio que qualquer editora pode e
deve publicar as obras desse santo homem.
Karl Adam (nasceu em 1876), Romano Guardini
(nasceu em 1885), Benson (nasceu em 1871), Jacques Leclercq (nascido também
no século retrasado), Georges Chevrot (nasceu em 1879), Henri Ghéon (nasceu
em 1875), Daniel-Rops (nascido em 1901), Marcele Auclair (nasceu em 1899) - são
autores bons para a época deles , não é?
Não são medíocres, são apenas
desatualizados: a Quadrante parou no tempo, na década de 40. São autores dos
tempos do meu avô em Portugal, muito antes dos bons ventos do Concílio
Vaticano II e da difusão mesma do espírito da Opus Dei, de modo que não os
poso ver vinculados à espiritualidade da Opus Dei. Não esperemos que vocês
publiquem o Frei Betto... mas algo um pouquito mais moderno... mais do bom
pensamento católico CONTEMPORÁNEO, que a Quadrante insiste em ignorar!
São João d'Avila, Thomás More - santos
cujas obras estão publicadas em outras editoras, de modo que, evidentemente,
não são medíocres...
Leo Trese - autor bom para a problemática
norte-americana (também ele um pouco desatualizado, nãoé?) , com alguns
lampejos mas nada do outro mundo...
Frei Luis de Granada - Esse não é medíocre,
longe disso. Medíocres são os autores que escreveram:
"A Sogra Ideal",
"O caso Valter",
"Filhos: quando educá-los",
"Nervosismo e Depressão"
"Um novo feminismo"
"Cartas que não lerei"
Etc.
etc.
etc.
Boaventura Kloppenburg e Estevão
Bettencourt - são bons autores. Do primeiro publicaram um único folheto e do
segundo também, e são autores que publicam muito mais por outras editoras
católicas.
Francisco Fernandes Carvajal (Falar com
Deus em 7 volumes, com Meditações para cada dia do ano) - é um bom autor.
Raniero Cantalamessa - Não consta do site
da Editora Quadrante e deve estar no catálogo de outras editoras.
Paro por aqui pois não quero estar a maçá-lo.
Parece-me que com o exposto configuram-se certas tendências editoriais muito
concretas e datadas: autores antiquados do século dezanove e autores de
segunda linha da Espanha de hoje (além de alguns clássicos, ainda que fico a
me perguntar o porquê de nunca terem publicdo nada de nem sobre São Tomáz
de Aquino!!!!!!).
Seja como for, configura-se portanto um
critério editorial muito concreto e discutível e SIM SERÁ CLERICALISMO
vincular a consciência alheia, sobretudo das jovens gerações da Opus Dei,
à iniciativa de meia-dúzia de sócios da Opus Dei, que, pelos vistos, não
se caracterizam pela sintonia com o pensamento católico contemporáneo.
Muito obrigado
J. Carlos
*************
Msg 10) De: "Pe. Antonio Carlos
Rossi Keller" <acrkelle> Data: Dom Dez 8, 2002 12:53 am
Assunto: Quadrante
O senhor tem todo o direito de ter suas
opiniões pessoais. Até de pensar que alguém, na Obra, seja
"obrigado" a divulgar os livros da Quadrante (o que não é verdade)
e a de achar os autores desatualizados. Cada um tem seus gostos.... O que
acontece é que alguns "clássicos" da espiritualidade cristã,
andam esquecidos. Outros "livritos" da Quadrante não serão clássicos,
mas pelo critério dos editores, foram contemplados por uma edição.
Parece-me válida a tentativa de fornecer, pelo menos um pouco daquilo que é
um patrimônio espiritual da Igreja....
O senhor fala de "livritos"..., pois
muito bem: aqui em minha paróquia, para conseguir que, por exemplo, alguns
jovens (que estudam em escola pública) leiam alguns destes "livritos"
é uma verdadeira luta. E não por acharem os "livritos" ruins... na
verdade, não leem absolutamente nada. Vivemos no Brasil, ou seja, as pessoas,
em geral, não tem o habito da leitura. E fica muito difícil, por exemplo,
levar adiante uma direção espiritual, sem que se leia, para aprender, alguma
coisa de conteúdo.... Daí, o critério de se tentar fazer ler, pelo menos, o
essencial...
Há tão sómente um pequeno detalhe: A
Quadrante, pelo que sei, não tem a pretensão de ser "a" Editora ´católica.
Outras editoras tem sua produção, e estão, inclusivamente, contempladas nos
catálogos da Quadrante, com autores antigos e mais modernos. Tenho certeza de
que os responsáveis pela Quadrante tem consciência de que não são os únicos
que fazem apostolado no meio editorial.
Quanto à questão da opção pelos autores
que a Quadrante edita, muitos deles mais "modernos" são membros da
Obra: espanhóis, portugueses, norte americanos etc.... Em italiano se diz:
"e chi piu ne hà, piu ne mettà....": se o senhor tiver sugestões
de outros bons autores, apresente-as à Editora. Ficarão agradecidos, tenho
certeza.
*********************
Msg 110 De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Dom Dez 8, 2002 11:31 am
Assunto: Edit. Quadrante & Opus Dei
- Parte I - Primeiras Certezas
Parte I - Primeiras Certezas
Rev.mo padre,
O reverendo padre tem toda a razão: não
devemos ficar no âmbito das opiniões e sim ir aos factos. Por isso, convidei
hoje à minha casa para almoçar meia-dúzia de amigos - pela bondade da Marlu,
tivemos um soberbo bacalhau, o mais fiel dos amigos... - que conhecem de longa
data a Opus Dei e a Quadrante. Algum inclusivamente é supranumerário e outra
tem um filho que vive num centro de numerários da Obra. Excepção feita a
mim, todos são muito cultos e inteligentes.
À sobremesa, trouxe à baila o nosso assunto,
deixando que falassem livremente os convivas. Desse almoço saí com algumas
certezas e gostava de saber do reverendo padre a estrita verdade: o que o
senhor padre me disser - com aquela "sinceridade selvagem" que pedia
o vosso fundador, que ademais dizia "não saber jogar xadrez"-
prevalecerá inclusivamente sobre as informações que estes amigos tão
queridos me deram durante a intimidade deste nosso almoço.
Tenho, portanto como factos objectivos,
confirmados pelo supranumerário e pela mãe do numerário, os que arrolo a
seguir, pedindo ao senhor padre que os confirme ou os negue com exactidão:
Facto 1) A Editora Quadrante foi fundada e
é presidida pelo Dr. Emérico da Gama, que tem sido desde a década de 60, o
director máximo da Opus Dei no Brasil, logo a seguir ao Vigário do Prelado.
O senhor padre o confirma, sim ou não?
Comentários de JCCF ao Facto 1) Quando
perguntei se este facto não contribuiria para que psicologicamente os membros
da Obra considerassem a Edit. Quadrante como oficial ou oficiosa da Opus Dei,
foi-me confirmado unanimemente que evidentemente que sim.
Facto 2) Sim há metas de vendas para todos
e cada um dos membros da Obra, tanto para os numerários como para os
supra-numerários e que, na linguagem interna dos centros chamam-se
"quotas". Há inclusivamente reuniões semanais em cada centro para
verificação gradativa dos cumprimentos dessas metas de venda. O senhor padre
o confirma, sim ou não?
Comentários de JCCF ao Facto 2) Isto
configura claramente uma campanha (segundo meus amigos da Obra esta é
exactamente a palavra que lá empregam) da qual ninguém pode se furtar sob
pena de que paire sobre ele a desconfiança de que não quer colaborar com o
apostolado do Dr. Emérico e de seu assessor, também dirigente nacional da
Opus Dei no Brasil, Sr. Luiz Eduardo Meira.
Facto 3) O critério editorial da Quadrante
- leia-se o critério editorial do Dr. Emérico e do Sr. Meira - gera um certo
constrangimento à hora das vendas uma vez que os membros que têm critérios
divergentes são obrigados (naturalmente, há diversos modos subtis de
"obrigação" numa instituição que erige a obediência em um de
seus valores máximos...) a endossar perante seus amigos mais preparados
(professores universitários, intelectuais, profissionais liberais etc.) uns
livros que parecem mais apropriados para leitores pouco exigentes e não
habituados ao que há de melhor na literatura religiosa. Resumindo, trata-se
de um critério pessoal do Dr. Emérico (e assessores) que corre o risco de
ser tomado como uma obrigação pelos súbditos. O senhor padre o confirma,
sim ou não?
Comentários de JCCF ao Facto 3) Sem comentários
Tenho ainda outras questões (e dúvidas),
mas, de momento fico a aguardar a sua gentil resposta a estas minhas certezas.
Muito obrigado
J. Carlos
*******
Msg 12) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Dom Dez 8, 2002 11:55 am
Assunto: Edit. Quadrante & Opus Dei
- Parte II - Mais certezas
Rev.mo padre,
Causou-me certa apreensão o seu testemunho
a respeito da receptividade limitada do público leitor brasileiro. Por tudo
que sei do apostolado desenvolvido pela Obra, há uma opção preferencial
pelos intelectuais (sem detrimento dos trabalhos assistencialistas - aqui
mesmo na Capital há parece-me uma escola de periferia).
Isto posto, a iniciativa apostólica do Dr. Emérico
da Gama (mentor da Edit. Quadrante) deveria concentrar-se num projecto
editorial que visasse à intelectualidade, tal como fazem várias linhas de
trabalho de outras editoras católicas, publicando clássicos da
espiritualidade e do pensamento como a notável colecção de Patrologia da
Paulus; a Suma Teológica da Loyola e outros que o senhor padre conhecerá
melhor do que eu (não vou estar a ensinar o padre-nosso ao vigário...).
A minha apreensão concretamente reside num
aparente desprezo ao que seria essencial. Uma editora laica como a Martins
Fontes, por exemplo, tem publicado os clássicos da espirtualidade e do
pensamento católicos como Boécio ou São Tomás d'Aquino, e, ao que me
consta, com grande adesão de intelectuais que, por outro lado, desconhecem a
Editora Quadrante. Uma vez que nós somos pessoas que pensamos por conta própria,
gostava de pedir-lhe ao senhor padre sua sincera opinião a respeito da relevância
apostólica - pensando como dizia seu fundador na "aristocracia da
inteligência" - de uma editora que parece ignorar clássicos como os já
citados e se preocupa prevalentemente (mais uma vez sem desdouro do trabalho
assistencial desenvolvido para as parcelas mais carentes da população) em
difundir o pensamento de autores do século retrasado numa linguagem arcaica
e, por outro lado, autores contemporáneos de segunda linha.
Minha certeza é a de que a Editora Quadrante
está infensa a propostas inovadoras e actuais, e não teve a capacidade de
antecipar-se - nestes 20 e tantos anos - às iniciativas de outras editoras
católicas, deixando ela mesma uma lacuna a ser preenchida por empresas
laicas, como a já citada Martins Fontes ao publicar o excelente
"Perspectivas cristãs", de Julián Marías, um pensador católico
de primeira linha, que, o senhor, bem mais próximo dos editores da Quadrante
poderia sugerir.
Muito obrigado
J. Carlos
*******
Msg 13) De: "Pe. Antonio Carlos
Rossi Keller" <acrkell.> Data: Dom Dez 8, 2002 12:22 pm
Assunto: Re: [M CATÓLICO] Edit. Quadrante
& Opus Dei - Parte I - Primeiras Certezas
> Facto 1) A Editora Quadrante foi fundada e é
presidida pelo Dr. Emérico da Gama, que tem sido desde a
> década de 60, o director máximo da Opus Dei no
Brasil, logo a seguir ao Vigário do Prelado. O senhor padre
> o confirma, sim ou não?
O Diretor da Quadrante é o José Eduardo,
pelo que sei. Se foi ela fundada ou não pelo Dr. Emérico não sei lhe dizer.
E se o foi, ele e os demais possíveis fundadores o fizeram a título de
iniciativa pastoral própria, para difundir o espírito da Obra à qual
pertencem.
> Comentários de JCCF ao Facto 1) Quando
perguntei se este facto não contribuiria para que
> psicologicamente os membros da Obra considerassem a
Edit. Quadrante como oficial ou oficiosa da Opus
> Dei, foi-me confirmado unanimemente que
evidentemente que sim.
É a opinião ou a impressão psicológica
deles. Não compartilho desta opinião.
> Facto 2) Sim há metas de vendas para todos e
cada um dos membros da Obra, tanto para os numerários
> como para os supra-numerários e que, na linguagem
interna dos centros chamam-se "quotas". Há
> inclusivamente reuniões semanais em cada centro
para verificação gradativa dos cumprimentos dessas metas
> de venda. O senhor padre o confirma, sim ou não?
Não, não há metas de vendas para todos e
cada um dos membros. Pede-se nossa colaboração concreta para a divulgação
dos livros da Quadrante, do Círculo de Leituras, conseguindo novos
associados. Mas não há obrigatoreidade, e sim, pedido de colaboração nesse
apostolado tão importante da Leitura.
> Comentários de JCCF ao Facto 2) Isto configura
claramente uma campanha (segundo meus amigos da Obra
> esta é exactamente a palavra que lá empregam) da
qual ninguém pode se furtar sob pena de que paire sobre
> ele a desconfiança de que não quer colaborar com
o apostolado do Dr. Emérico e de seu assessor, também
> dirigente nacional da Opus Dei no Brasil, Sr. Luiz
Eduardo Meira.
Como qualquer Editora, a Quadrante pode
fazer a Campanha que bem entender. Quanto ao comentário malévolo e mentiroso
(desconfiança de quem não quer colaborar com o apostolado etc...) do JCCF
(quem será???) ao facto 2, fica na responsabilidade de quem o fez.....
> Facto 3) O critério editorial da Quadrante -
leia-se o critério editorial do Dr. Emérico e do Sr. Meira - gera
> um certo constrangimento à hora das vendas uma vez
que os membros que têm critérios divergentes são
> obrigados (naturalmente, há diversos modos subtis
de "obrigação" numa instituição que erige a obediência em
> um de seus valores máximos...) a endossar perante
seus amigos mais preparados (professores universitários,
> intelectuais, profissionais liberais etc.) uns
livros que parecem mais apropriados para leitores pouco exigentes e
> não habituados ao que há de melhor na literatura
religiosa. Resumindo, trata-se de um critério pessoal do Dr.
> Emérico (e assessores) que corre o risco de ser
tomado como uma obrigação pelos súbditos. O senhor padre
> o confirma, sim ou não?
O critério editorial da Quadrante é de
responsabilidade de seus diretores. O senhor, ou qualquer outra pessoa, pode
discordar do mesmo. É um direito que tem. Mas nem o senhor, nem eu somos
diretores editoriais da Quadrante....
> Comentários de JCCF ao Facto 3) Sem comentários
> Tenho ainda outras questões (e dúvidas), mas, de
momento fico a aguardar a sua gentil resposta a estas minhas
> certezas.
Em relação a suas dúvidas e
questionamentos à Quadrante, gostaria de sugerir-lhe que procurasse a
Editora, na pessoa de seus responsáveis, para esclarecer suas dúvidas e
questionamentos e oferecer suas sugestões. Eu não sou diretor da Quadrante,
e não tenho nenhuma responsabilidade direta na Editora. Inicialmente,
pareceu-me que suas dificuldades resumiam-se a procurar conhecer a linha
editorial da Editora. Mas vejo que seus questionamentos são mais de
"base". Então, o remédio será tratar diretamente com quem pode
responder-lhe com maior conhecimento e, quem sabe, tomar decisões mais
objetivas.
Parece-me que o senhor já o fez, não é
verdade? Então, seria interessante, a meu ver, aguardar.
*****
Msg 14) De: "Pe. Antonio Carlos
Rossi Keller" <acrkell> Data: Dom Dez 8, 2002 12:24 pm
Assunto: Re: [MUNDO CAT] Edit. Quadrante
& Opus Dei - Parte II - Mais certezas
O senhor enviou o email para a pessoa
errada....
A proximidade que o senhor me atribui à direção
da Quadrante, fica por conta de sua gentileza.
***************
Msg 15) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Dom Dez 8, 2002 12:22 pm
Assunto: Edit. Quadrante & Opus Dei
- Parte III - Mais certezas
Rev.mo padre,
Já agora, permita-me mais umas certezas.
Numa de suas respostas o senhor padre dizia:
> "A Quadrante é, antes de tudo, fruto da audácia
santa de alguns membros da Obra, que resolveram suprir um
> 'buraco' na questão da formação (bons livros) não
só para os membros do Opus Dei, mas para todos os que
> quiserem utilizar-se de seus serviços
editoriais".
Quanto ao "buraco" da Quadrante,
em mensagens anteriores procurei mostrar que se trata de um buraco anacrónico:
autores do século dezanove que tiveram sua actualidade para a Acção Católica
da década de 40 etc.
Agora uma pergunta ligada à minha área
profissional, vendas e serviços: Que "audácia santa" podem ter os
editores da Quadrante se são a única editora do Brasil (e do mundo) que, por
conta de campanhas dos membros da Opus Dei, conta com cerca de 8000 assinantes
(o dado me foi revelado pelo supranumerário) que pagam adiantadamente a preços
não inferiores ao do comum mercado livreiro (o pacote anual dos livritos
custa mais de cem reais) o que perfaz um capital nada desprezível sem nenhum
dos riscos naturais que correm todas as editoras, católicas ou não?
Que "audácia santa" podem ter os
editores da Quadrante se o lucro liquído desse esquema é não inferior (eu
trabalhei com gráficas e sei do que estou a falar) a 70% da receita???!!!!
Noutra de suas respostas, o senhor padre
dizia:
> "Dizer que estou sendo 'clerical' pelo fato
de ler ou indicar livros da Quadrante, ou aconselhar, por exemplo, a
> assinatura do Círculo de Leitura? Desculpe-me, mas
essa é demais..."
Eu lhe respondo que se o senhor padre não
quiser chamar a isto de clericalismo, tem todo o direito de fazê-lo, mas
designar o lucrativo e seguro empreendimento Quadrante por santa audácia,
desculpe-me, mas essa sim é demais da conta...
Muito obrigado
J. Carlos
*********
Msg 16) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Dom Dez 8, 2002 1:12 pm
Assunto: Editora Quadrante & Opus
Dei - última parte
Rev.mo padre,
Devo lembrar que foi o senhor padre quem
espontaneamente começou e continuou a responder às minhas dúvidas com relação
às sutis ligações entre a Editora Quadrante e a Opus Dei, instiuição ESTA
que tanto prezo pelo bem espiritual que nós dela recebemos.
Pensava que nossa discussão restringia-se a
um embate entre pessoas adultas que, mesmo divergindo, não precisam recorrer
a autoridades supremas quando se trata de factos objectivos e de temas opináveis...
Por uma questão de honradez, gostava apenas de responder às suas duas últimas
mensagens, deixando claro que para mim o senhor padre realmente não é a
pessoa mais indicada para esclarecer as dúvidas que subsistem.
O senhor padre escreveu:
> "O Diretor da Quadrante é o José Eduardo,
pelo que sei. Se foi ela fundada ou não pelo Dr. Emérico não sei
> lhe dizer. E se o foi, ele e os demais possíveis
fundadores o fizeram a título de iniciativa pastoral própria, para
> difundir o espírito da Obra à qual
pertencem."
Ora, senhor padre, o diretor da Quadrante NÃO
é nenhum José Eduardo; é sim o Dr. Emérico da Gama (presidente) e o Sr.
Luiz Eduardo Meira, como lhe disse. Se o senhor Padre quiser, pode telefonar
para a EQ 3873-2270 e confirmar este dado elementar.
Toda a gente da Opus Dei sabe perfeitamente
que é o Dr. Emérico quem desde sempre, diariamente, toma todas as decisões
editoriais e administrativas da referida editora.
Reservas mentais à parte, toda a gente da
Opus Dei sabe perfeitamente que SIM há campanhas e quotas e metas de venda,
moralmente obrigatórias, como até o senhor padre instintivamente nas suas
primeiras mensagens afirmou...
O senhor padre afirma :
> "Quanto ao comentário malévolo e
mentiroso (desconfiança de quem não quer colaborar com o apostolado
> etc...) do JCCF (quem será???) ao facto 2, fica na
responsabilidade de quem o fez..."
E eu, de minha parte, invocando a Deus,
digo-lhe que a responsabilidade pelas suas afirmações (por mais elásticas
que possam ser suas reservas mentais) de que não há quotas nem campanhas me
causam MUITA PENA e "fica na responsabilidade de quem as fez..."
(ou meus amigos da Opus Dei ou o senhor padre
estão a incorrer em gravíssima falta à verdade)
De resto, vou seguir o conselho do senhor
padre e aguardar por uns dias a ver se a Quadrante se digna responder-me... Se
calhar, o senhor padre poderia convidar algum dos membros da EQ para a nossa
lista.
Muito agradecido pede sua benção,
J. Carlos
N.B.: JCCF é José Carlos da Cunha Ferreira,
para servir ao senhor padre.
*********
Msg 17) De: "Juliana Ribeiro
Lima" <ju-carmelita@u...>
Data: Dom Dez 8, 2002 9:04 pm
Pe. Antônio,
Desculpe a ignorância em vista da conversa de
vcs. O que é a Opus Dei q vcs estão se referindo?? É uma Ordem Religiosa?
É parte da Igreja?? Se ñ é, pq tanta enfase em obediêcia, para uma coisa
que ñ está sob a jurisdição da Igreja? E diante de Deus ñ é na Igreja
que devemos essa submissão? Quem são esses caras afinal e pq o destaque dado
a eles, sendo que isso ñ deve ser(ou ter sido) edificante p/ toda a lista?
Para mim, sei que ñ foi. Boiei, e tô passada com tanta picuinha. Não é um
assunto só desse pessoal? Se eles ñ são uma entidade da Igreja pq o tempo
gasto aqui na lista com eles?? Desculpe ser direta, mas sou assim
mesmo... Mas quero aprender por aqui, pe.
Sua irmã menor,
Juliana
*************
Msg 18) De: "Pe. Antonio Carlos
Rossi Keller" <acrke.> Data: Dom Dez 8, 2002
10:32 pm
Assunto: Re: Edit. Quadrante &
Opus Dei -
Parte I - Primeiras Certezas
Juliana,
De minha parte, peço-lhe que me perdoe por
entrar neste tipo de debate, que deixa os demais membros da Lista "no
ar". Se você tiver algum interesse em conhecer algo do Opus Dei,
sugiro-lhe que visite o seguinte endereço:
www.opusdei.org.
Outra vez, peço que você e os demais membros
da Lista me desculpem.
Pe. Antonio Carlos
*********
Msg 19) Para Pe. Keller / Quadrante Opus Dei.
De: Hae Yong Kim 11-12-02
Revmo Pe. Antonio Carlos e todos da lista:
Meu nome é Hae Yong Kim e sou professor de
Engenharia Elétrica da USP.
A minha homepage profissional é http://www.lps.usp.br/~hae
Participo desta lista desde março deste ano mas não tenho enviado muitas
mensagens.
Não me agrada nada entrar numa discussão
acalorada.
Gostaria somente de colaborar para esclarecer
a verdade.
Acredito que Pe. Antonio Carlos está muito
mal informado a respeito da campanha de venda da Editora Quadrante. Morei vários
anos num centro do Opus Dei e posso afirmar que SIM HÁ METAS DE VENDAS para
os membros do Opus Dei no Brasil.
Numa instituição da Igreja que prega obediência
como uma virtude fundamental, estas metas se convertem em obrigações morais
e não podem ser consideradas de forma alguma como uma colaboração espontânea.
Atenciosamente,
-------------------------------------------
José Carlos da Cunha Ferreira escreveu:
>> Sim há metas de vendas para todos e cada um
dos membros da Obra, tanto para os
>> numerários como para os supra-numerários
e que, na linguagem interna dos centros
>> chamam-se "quotas". Há
inclusivamente reuniões semanais em cada centro para
>> verificação gradativa dos cumprimentos dessas
metas de venda.
>> O senhor padre o confirma, sim ou não?
Pe. Antonio Carlos Rossi Keller respondeu:
> Não, não há metas de vendas para todos e
cada um dos membros. Pede-se nossa
> colaboração concreta para a divulgação
dos livros da Quadrante, do Círculo de
> Leituras, conseguindo novos associados. Mas não
há obrigatoreidade, e sim,
> pedido de colaboração nesse apostolado tão
importante da Leitura.
José Carlos da Cunha Ferreira escreveu:
>> Isto configura claramente uma campanha
(segundo meus amigos da Obra esta é
>> exactamente a palavra que lá empregam) da qual
ninguém pode se furtar sob pena de que
>> paire sobre ele a desconfiança de que não
quer colaborar com o apostolado do Dr.
>> Emérico e de seu assessor, também
dirigente nacional da Opus Dei no
>> Brasil, Sr. Luiz Eduardo Meira.
Pe. Antonio Carlos Rossi Keller respondeu:
> Como qualquer Editora, a Quadrante pode fazer
a Campanha que bem entender.
> Quanto ao comentário malévolo e mentiroso
(desconfiança de quem não quer
> colaborar com o apostolado etc...) do JCCF (quem
será???) ao facto 2, fica na
> responsabilidade de quem o fez.....
--
Hae Yong Kim (HAE@L..., http://www.lps.usp.br/~hae)
LPS, Dept. Eng. Sist. Eletronicos, Escola
Politecnica, Univ. Sao Paulo
Av. Prof. Luciano Gualberto, tr. 3, 158
CEP 05508-900, Sao Paulo, SP, Brazil
Tel: (55-11)3091-5605 Fax: (55-11)3091-5718
Room: D2-10
*********
Msg 20) De: "xedre2000"
<xedre2000@y...>
Data: Qua Dez 11, 2002 7:42 am
Assunto: Para Pe. Keller -
Quadrante/Opus Dei - discussão não encerrada.Para Pe. Keller -
Quadrante/Opus Dei - discussão não encerrada.
Rev.mo Pe. António,
gostava de saber se o senhor padre recebeu a
minha resposta à sua mensagem em pvt, a mim enviada no dia 8 de dezembro.
Caso o senhor padre esteja a enfrentar algum tipo de contratempo de carácter
técnico (minha mensagem retornou uma vez e não sei o que será da segunda
remessa que fiz), podemos dar continuidade à nossa discussão ainda não
encerrada aqui mesmo, na Lista.
Por outro lado, a Editora Quadrante ainda não
se dignou responder-me, e fico a pensar se este descaso não fere, de algum
modo, a imagem de competência profissional das pessoas que lá estão e
pregam, segundo o espírito do Opus Dei, que o trabalho é um instrumento
apostólico de excelência.
Muito obrigado.
J. Carlos
**************
Msg 21) De: Hélio "portalschoenstatt@"
<portalschoenstatt@i...> 12-12-02
Pe. Keller e J. Carlos
Paz e Bem!
Ao ler com antenção as mensagens e ao me
deparar com a questão "das metas" de vendas, de "obrigação
moral", etc., vejo oportuno fazer uma colocação a respeito que vai de
encontro ao que o pe. Keller apresenta: Aqui no RJ as pessoas da Opus Dei não
são "obrigadas" a vender nada, não existe "vínculo de
vendas". Existe sim algo natural para qualquer grupo e não apenas a Opus
Dei, que é o compromisso em convidar novas pessoas e divulgar a boa leitura
através de livros que retratem o espírito católico da Obra, por que não?
Seja de que editora for!
O fato da conversa ter iniciado com uma
**inocente** dúvida, perguntada ao padre e depois conforme todos aqui puderam
ver, surgirem refutações com um nível de informação acima do razoável
(para não dizer bem embasadas) para alguém que queria tirar uma
"simples dúvida", me faz ficar pensando se não se trata de mais um
daquelas posturas, onde se começa com uma coisa até chegar no ponto
"onde se quer chegar". Se referindo aos membros do Opus Dei como **
"súditos"**do sr. Emérico e sempre perguntando ao padre: - "o
sr. confirma ou não".
A meu ver parece-me, seja qual for a resposta
ou esclarecimento a ser dado, já se tem uma contra-resposta na manga. Ora
como alguém tão bem informado sobre o processo de trabalho e organização
de um grupo (no caso o Opus Dei), tendo próximo do seu convívio pessoas
inteligentes, esclarecidas e bem preparadas, além de supostamente
conhecedoras da organização interna, peça que tais "dúvidas"
seja esclarecidas através de uma lista de discussão pela internet??
Não seria mais prático, frente a tantas
pessoas capazes de seu convívio, reunir-se com os responsáveis pela Obra na
sua localidade???
A opção pela inserção de pessoas
(intelectuais) que abram linhas de diálogo em determinado nível de nossa
sociedade materialista, ao meu ver não é nada que cause preocupação, pelo
contrário, vejo como útil a propagação do evangelho, através de pessoas
preparadas para dialogarem com outras equiparadas em erudição. Se há opção
preferencial da Obra (e há) não vejo problema algum nisso. A riqueza da
Igreja está na tão falada "unidade na diversidade". Outro assunto
seria analisar a estratégia editorial da Quadrante e sugerir linhas de
trabalho inovadoras.
O que não fica bem, ao meu ver é pedir um
esclarecimento e quando esse é dado, reunir comentários de terceiros e
quartos... o que dá a impressão de que estavam guardados na manga para serem
utilizados. Acho isso estranho e até um tanto típico dos que são
"ex" alguma coisa... "ex" isso, "ex" aquilo...
Nem todo mundo que deixa de fazer parte de algum grupo, guarda algum tipo de mágoa.
Mas é o que me pareceu quando, por exemplo,
surge o comentário de um prof. participante da lista que **morou** muitos
anos (possivelmente como numerário) em casas do grupo.
Desculpem-me a intromissão, Hélio/RJ
*********
Msg 22) De: "xedre2000" <xedre2000@y...>
Data: Qui Dez 12, 2002 5:32 pm
Assunto: Re: Editora Quadrante é Opus Dei
Prezado Sr. Hélio,
Quanto à parábola do peixe, deixemos lá estar... Só
continuo a pensar que o mau gosto (não obstante as boas intenções de quem
as inventa ou conta) pode ser tão ou mais prejudicial do que o próprio erro
doutrinal...
Quanto às subtis relações entre a Editora Quadrante e a
Opus Dei, causa-me espécie que, embora eu tenha escrito para a Quadrante e
para a Opus Dei, não obtenha das instâncias oficiais nenhuma resposta mas
seja o Sr. Hélio a tentar esclarecer-me o imbróglio, o que, por outro lado,
muito agradeço. Quem não tem cão caça com gato, como diz o vulgo.
De facto, está a ser muito instructiva esta série de
mensagens, e penso que uma Lista de discussão tem o mérito justamente de
fazer as pessoas mostrarem todas as cartas, as que possuem nas mãos, as que
se escondem nas mangas, e, sob a audiência de um público atento, as cartas
que, magicamente, desaparecem depois de terem sido depositadas à mesa do saudável
jogo que busca a verdade.
Vejamos, por exemplo, a reviravolta do Rev.mo Pe. Keller.
No início, uma postura auto-suficiente; num segundo momento, o reconhecimento
de ignorar factos objectivos; e agora... o silêncio.
Em sua substituição surge agora o Sr. Hélio e suas
teorias conspiratórias. Devo esclarecer-lhe, Sr. Hélio, que não sou
"ex" de instituição alguma, muito menos da veneranda Prelatura da
Opus Dei, para a qual só tenho elogios, bem como ao seu santo Fundador, de
quem sou devoto ardoroso, mesmo antes de sua canonização recente.
Meus filhos frequentam centros da Opus Dei, contribuo
economicamente para algumas actividades desses centros, há muitos anos conheço
e sou amigo de sócios da Opus Dei que fazem um belo apostolado pessoal
mediante seu trabalho profissional, já assisti a palestras de sacerdotes da
Opus Dei, e me confessei inclusivamente com alguns deles, de modo que, embora
não pertença aos quadros da Opus Dei, conheço bem do que estou a falar pelo
meu contacto com membros e com ex-membros da Opus Dei. A propósito, se ser
ex-membro de uma instituição pode, realmente, deixar mágoas e promover
vinganças, ser membro efectivo de uma instituição pode promover adesões
cegas e ocultar, sob o pretexto de servir a Deus, falhas naturais que deveriam
ser humildemente corrigidas.
Segundo o seu raciocínio conspiratório, restar-me-ia ser
um "ex" da Editora Quadrante, pois é dela que estamos a falar e é
dos seus representantes (membros do Opus Dei) que estou a questionar a
atitude.
Essa atitude que amesquinha a Opus Dei, instrumentalizando
seus sócios,particularmente os numerários, a se comprometerem
obrigatoriamente com a venda de uns livritos que, por vezes, conspiram contra
a própria imagem da Opus Dei. Ora, se eu fosse um "ex" da Quadrante
bastar-me-ia esquecer o facto e procurar emprego em outra empresa.
Se o Sr. Hélio afirma que "aqui
no RJ as pessoas da Opus Dei não são `obrigadas' a vender nada, não existe
`vínculo de vendas'", afirma-o baseado em quê? O senhor é
membro ou ex-membro da Opus Dei? Recebeu a informação de uma pessoa que sabe
do que está a falar, ou a recebeu de um "padre Keller" carioca que
está igualmente "por fora"? Obteve a informação como? Gostava de
saber, pois, no afã de pacificar a Lista, o senhor pode ter feito essa afirmação
com base numa frase simplória, que transcrevo e comento logo abaixo:
"Existe sim algo natural para qualquer grupo e não apenas a Opus Dei,
que é o compromisso em convidar novas pessoas e divulgar a boa leitura através
de livros que retratem o espírito católico da Obra, por que não? Seja de
que editora for!"O facto, porém, e este facto o senhor não poderia
dissolver em nome do apaziguamento dos ánimos — o facto é que não se
trata de uma editora qualquer, mas de uma única editora, a Editora Quadrante,
e que se prevalece do poder moral que seus dirigentes têm enquanto diretores
máximos da Obra para obrigar os demais sócios a trabalharem, queiram ou não,como
vendedores da editora, o que, se o senhor está "por dentro" do espírito
da Opus Dei, deverá saber que caracteriza um tipo de clericalismo abominado
pelo Fundador da Opus Dei.
Se os sócios da Obra fossem estimulados (estimulados, e não
obrigados) a divulgar (divulgar, e não necessariamente vender, pegar em
cheques, prestar contas a "gerentes" de venda ad hoc) a boa leitura
de livros que retratassem o espírito católico (e não só da Opus Dei, que
é uma instituição católica entre outras), tudo isso não seria apenas
natural, mas sobrenatural, e eu seria o primeiro a colaborar, aliás como já
faço, quando empresto ou presenteio amigos meus com livros que compro na
Paulus e na Vozes, bem como na Martins Fontes e em outras editoras laicas que
porventura editem livros de qualidade, capazes de despertar nas pessoas o
desejo do Bem e da Verdade.
Por favor, Senhor Hélio, não desvie nossa atenção com
irenismos. A relevância de nossa discussão sobre a Editora Quadrante e a
Opus Dei está no mesmo nível, por exemplo, da discussão que possamos ter
sobre a relação, digamos, entre a Toca de Assis e a Renovação Carismática.
Estamos todos aqui a procurar esclarecer as nossas mentes, pois não?
Parece-me, finalmente, que o senhor não está familiarizado
com o género retórico que pode legitimamente apresentar uma "`inocente'
dúvida" para fazer vir à tona outras verdades. Apliquei a velha técnica
de atirar o barro à parede. Pode ser que cole, e por vezes assim é...
Aonde quero chegar? Ao mesmo ponto a que todas as pessoas
de boa vontade querem: ao esclarecimento de uma questão que é de interesse não
somente para mim ou para si, mas para outras pessoas que cá estão nesta
Lista.
Parece-me que o senhor não se lembra de uma passagem do
Santo Evangelho em que Nosso Senhor Jesus Cristo também lança barro à
parede, tendo em sua manga uma carta magistral: "Jesus, levantando então
os olhos, e vendo que uma grande multidão fora ter com ele, disse a Felipe:
`Onde compraremos pão para que esses possam comer?' Mas isso dizia para o
experimentar, pois ele mesmo bem sabia o que estava para fazer." (Jo 6,
5-6)
Sua intromissão, senhor Hélio, não é uma intromissão a
ser desculpada, mas acolhida como uma forma de chegarmos todos à verdade dos
factos. Eu diria que é tão bem-vinda quanto à "intromissão" de
um ex-membro da Opus Dei que queira dar o seu testemunho a salvo de
julgamentos que o rotulem como "ex-membro" e, neste caso,
necessariamente como uma pessoa vingativa, ressentida e preocupada em caluniar
quem quer que seja. Devemos crer que o Prof. Dr. Hae deu a sua contribuição
com serenidade, objectividade, e não falou mal da Opus Dei. Simplesmente
revelou um facto que ele lá viveu. O que há de malévolo nisso, senhor Hélio?
Quanto à sua pergunta: "Não seria mais prático,
frente a tantas pessoas capazes de seu convívio, reunir-se com os responsáveis
pela Obra na sua localidade???"
Devo dizer-lhe que achei sua pergunta assaz ingénua.
Parece-lhe que eu estaria a tomar o tempo dos demais leitores desta Lista e a
perder o meu com uma questão que se pudesse resolver de modo tão prático
como o acima sugerido???
Muito obrigado
J. Carlos
***************
De: "xedre2000" <xedre2000@y...>
Data: Sex Dez 13, 2002 8:44 am
Assunto: Quadrante e Opus Dei- uma tentativa de diálogo
Rev.mo Padre Antônio Carlos Rossi Keller,
Perdoe-me que recorra à mediação desta lista, mantida pelo sr. padre, para
tentar manter o diálogo com o senhor padre. Faço-o porque a resposta que -
por mais de uma vez - lhe dirigi ao e-mail que me enviou em privado, voltou
uma vez e da outra, após vários dias, o senhor padre não me respondeu.
Deste modo, para certificar-me de que o senhor padre possa ouvir minha
resposta, envio-lha, pedindo desculpas pelo incómodo:
************
Msg 23-24 De:
"xedre2000" <xedre2000@y...>
Data: Sex Dez 13, 2002 8:44 am
Assunto: Quadrante e Opus Dei- uma tentativa de diálogo
Resposta de JCCF ao mail do Pe. António
Rev.mo padre António, responderei item por item ao senhor
padre, rogando que não me leve a mal, estou simplesmentesimplesmente à cata
de esclarecer um imbróglio que evidentemente não fui eu que o criei, mas aí
está, composto por factos objectivos. Sinto-me talvez uma espécie de
Sherlock Holmes, ou um Hercule Poirot, a accionar as poucas células cinzentas
que Deus me deu:
Sr. Pe. : 1. Fico feliz por seu apreço pela Obra e
pelo bem espiritual que dela o senhor recebe.
R. de JCCF.: Um dos maiores bens que recebi da Opus Dei foi
a confirmação de que devemos amar a Verdade acima de tudo (inclusivamente de
nossas opiniões e interesses pessoais), e por isso respondo ao senhor em pvt,
agora com ainda mais liberdade, visto que não corremos o risco de
escandalizar ouvidos menos preparados para uma realidade que a mim me causa
apreensão, a saber, a tirania com que a Editora Quadrante trata os membros da
Opus Dei.
Sr. Pe. : 2. Um debate, para ser levado adiante,
precisa de um único e fundamental princípio: a verdade.
R. de JCCF: Exactamente! E a esta verdade quero ater-me,
com a sua ajuda.
Sr. Pe. : Não fiz nenhuma "restrição
mental" como o senhor afirma que eu o tenha feito, pois: a. Não sei quem
é o fundador da Editora Quadrante, e muito menos quem é seu diretor atual.
Imagino que seja mesmo o Luiz Eduardo (errei até seu nome, chamando-o de José
Eduardo). Isto porque não tenho nenhum contato com a Quadrante, além de ler
os "livritos" que me interessam e divulgar aqueles que julgo serem
de boa doutrina.
R. de JCCF: De facto, se o senhor padre não sabe que o
principal articulador da Editora Quadrante é o Dr. Emérico da Gama e chega a
confundir o nome do Sr. Luiz Eduardo, é porque está "por fora"
como dizem cá os brasileiros. Toda a gente da Opus Dei sabe, e sabe com
certeza seguríssima, que quem coordena a EQ, quem assina várias traduções,
tais como as de alguns volumes da História da Igreja de Daniel-Rops, quem
mantém reuniões diárias com um assessor deles, o tradutor verdadeiro e
revisor-mor, o Sr. Henrique Elfes, quem, em suma, manda e desmanda é o Dr. Emérico
da Gama, sempre acompanhado por seu fiel escudeiro, o Sr. Luiz Eduardo, que
cuida da parte comercial da Editora e é quem vigia de perto cada venda
realizada pelos sócios da Obra em todo o Brasil.
Sr. Pe.: b. Em relação a "campanhas
moralmente obrigatórias" para os membros da Obra, vou então coloca-lo
ao par de um único fato: sou também membro do Opus Dei e, neste ano de 2002
a única assinatura que apresentei à Quadrante foi a minha, pessoal. Já
ajudei, como tantos outros membros da Obra o fazem, a divulgação do Círculo
de Leitura. Mas neste ano fiz tão sómente minha assinatura. E aí? Sofri
pressões de quem? Já que o senhor sabe, ou tem informações precisas a este
respeito, poderia então indicar-me qual seria hoje minha situação na Obra
por tal fato? Não neguei o pedido de colaboração para a divulgação dos
livros da Quadrante. Neguei e continuo negando, porque esta é a verdade, a
pressão psicológica para que os membros da Obra, de alguma forma, sejam ou
sintam-se coagidos a tal. Tal atitude seria exatamente o "antí espírito"
do Opus Dei, ensinado por seu fundador.
R. de JCCF: Vou eu então colocá-lo ao par de um facto. Se
o senhor não possui nem possuiu nunca uma quota é pelo motivo muito simples
de que alguém que o trata (e possivelmente atende às suas conversas
fraternas) tinha ou tem o senhor padre como uma assinatura para a quota dele.
Não se trata de uma ajuda esporádica, trata-se de uma obrigação, e o
senhor padre, numa de suas mensagens, escreveu ipsis verbis que considerava
mau espírito não querer colaborar com a venda do Círculo de Leitores. Ora,
senhor padre, o senhor padre não sofreu pressão alguma, porque outro está a
sofrer em seu lugar. Experimente não renovar esta única assinatura na próxima
campanha e a pessoa que o trata se encarregará de lembrá-lo com veemência...
Quanto à pressão psicológica, imagine o senhor padre que o
actual presidente do Brasil abrisse uma rede de restaurantes em Brasília.
Haveria, sem dúvida, uma subtil pressão psicológica para que todos os
ministros, secretários, prefeitos e deputados almoçassem constantemente no
Restaurante Lulalélé.
Creia-me, essa pressão psicológica existe, não talvez com
relação ao senhor padre, que não vive num Centro da Obra, mas existe, sim,
com todos os numerários e também com os supranumerários, que já foram
obrigados a pagar com o seu dinheiro pelas assinaturas que prometeram mas não
conseguiram vender. Estas, senhor padre, não são invenções minhas, nem delírios,
são verdades que muitos dentro da Opus Dei conhecem de sobejo mas que o
senhor padre desconhece. Pergunte, sem rebuços, a alguém de sua real confiança,
preferentemente a um numerário, e obterá a mesma informação. Ah, e me faça
sabê-lo, se faz favor.
O senhor padre desconhece esses factos porque não está tão
enfronhado, não está tão "por dentro" assim da relação que
considero espúria entre a Editora Quadrante e a Opus Dei. Feliz do senhor!
Mas desconhece por quê? Porque tão-somente não interessa à autoridade
suprema que o senhor a saiba, sabe-se lá por quê...
Sr. Pe.: 3. Se o senhor tiver o cuidado de
informar-se melhor com a "autoridade suprema" a que recorri, verá
que minha única preocupação foi a de não trazer à Lista um assunto
absolutamente sem sentido para a grande maioria de seus participantes (como,
de fato, já começaram a aparecer manifestações neste sentido, pela
mensagem da Juliana). Na verdade, o senhor preparou-me uma armadilha, e eu
nela caí: o senhor já tem a sua versão daquilo que crê ser a verdade. O
que quer é tão sómente justifica-la. Talvez já tenha feito isto outras
vezes com outras pessoas, em relação a outros assuntos, não é verdade?
Pode ser. Enfim, este é o tipo de "diálogo" que nunca terá fim, a
não ser o desgosto....
R. de JCCF: As armadilhas são para os incautos. Reputo que
o senhor padre, com todo o bom espírito que o caracteriza, fez tudo com a
maior das boas vontades. Provavelmente o senhor está a se sentir culpado por
um suposto mal à Obra que tenha cometido. Fique em paz (perdoando-me a
ousadia de dar-lhe conselhos), não sinta desgosto algum, o senhor
simplesmente colaborou para distinguirmos o que é legitimamente do espírito
do Opus Dei, e o que configura uma iniciativa apostólica particular que nada
teria de prejudicial se andasse (ou cambaleasse) com as suas próprias pernas.
O problema é que o Dr. Emérico, tiranicamente, de modo o mais anti-Opus Dei
possível, utiliza-se da ingenuidade e da boa vontade de muitos sócios da
Obra, e abusa da obediência que, no dizer do vosso Fundador, nada deveria ter
de cadavérica! Nem deve estender-se a questões temporais ou... editoriais!
Sr. Pe.: 4. Como o senhor já comunicou-se com a
Quadrante (até surpreendentemente elogiando os "livritos": será
verdadeiro o elogio, ou uma "restrição mental bastante larga" de
sua parte...) como fez-me ver na primeira mensagem, penso que seria
interessante "dialogar" com os responsáveis pela Editora.
R. de JCFF: Pelo que conheço da atitude ambígua, melíflua
e medrosa da Editora Quadrante, duvido muito que os seus responsáveis me
respondam com a mesma franqueza e honradez com que o senhor padre, com santa
ingenuidade e com espírito apostólico, o fez a mim, e diante de todos. O
elogio que enviei à Editora Quadrante é um elogio formal, baseado em algumas
boas publicações que de lá partiram. Conforme palavras de D. Helder Câmara,
não existe algo humano que seja o mal concentrado. Manterei o senhor padre
informado sobre um possível (mas improvável) diálogo entre mim e os responsáveis
da EQ.
Sr. Pe.: 5. De minha parte, penso não ter mais nada
a dizer-lhe em relação às informações que tanto busca. Perdoo-lhe o fato
de ter-me chamado publicamente de mentiroso. Se o ofendi em algo, peço-lhe
que me desculpe também.
R. de JCFF: De facto, o senhor padre demonstrou-se assaz
desinformado, ainda que, no início, pelo tom de suas palavras, pela segurança
com que respondia, pareceu-me conhecer a fundo a questão que propus a todos
da lista, indiscriminadamente. Na realidade, nem sabia eu que o senhor padre
dela fazia parte. Repito, o senhor padre não é mentiroso, apenas ignora esta
história de campanhas, quotas etc. Espero unicamente que não se trate de um
caso de ignorância invencível... e que de algum modo o senhor padre, caso
esteja disposto a conhecer a verdade cabal, verifique por conta própria que o
meu intento não é divertir-me às custas de ver pessoas caírem tolamente em
armadilhas virtuais.
Retrato-me (e desejo fazê-lo publicamente na lista MUNDO CATÓLICO,
ainda hoje) por ter chamado o senhor padre de mentiroso. Vejo agora que não
se trata de mentira, mas, como disse, de mera desinformação. Eu sei, eu
estou "por dentro". O senhor padre, pelos vistos, não sabe, está
"por fora". Não há, portanto, restrição mental da parte do
senhor padre, mas meramente ausência de conteúdo para que tal restrição se
dê.
O senhor padre não me ofendeu em nada, e eu é que devo pedir
perdão por, neste meu afã em busca da verdade, ter de algum modo ofendido o
senhor padre.
Muito obrigado,
J. Carlos
E agora o e-mail que o senhor padre teve a iniciativa de
envira-me em privado
Prezado senhor JCCF,
1. Fico feliz por seu apreço pela Obra e
pelo bem espiritual que dela o senhor recebe.
2. Um debate, para ser levado adiante, precisa
de um único e fundamental princípio: a verdade. Não fiz nenhuma
"restrição mental" como o senhor afirma que eu o tenha feito,
pois:a. Não sei quem é o fundador da Editora Quadrante, e muito menos quem
é seu diretor atual. Imagino que seja mesmo o Luiz Eduardo (errei até seu
nome, chamando-o de José Eduardo). Isto porque não tenho nenhum contato com
a Quadrante, além de ler os "livritos" que me interessam e divulgar
aqueles que julgo serem de boa doutrina.
b. Em relação a "campanhas moralmente
obrigatórias" para os membros da Obra,vou então coloca-lo ao par de um
único fato: sou também membro do Opus Dei e, neste ano de 2002 a única
assinatura que apresentei à Quadrante foi a minha, pessoal.
Já ajudei, como tantos outros membros da Obra
o fazem, a divulgação do Círculo de Leitura. Mas neste ano fiz tão sómente
minha assinatura. E aí? Sofri pressões de quem? Já que o senhor sabe, ou
tem informações precisas a este respeito, poderia então indicar-me qual
seria hoje minha situação na Obra por tal fato? Não neguei o pedido de
colaboração para a divulgação dos livros da Quadrante. Neguei e continuo
negando, porque esta é a verdade, a pressão psicológica para que os membros
da Obra, de alguma forma, sejam ou sintam-se coagidos a tal. Tal atitude seria
exatamente o "antí espírito" do Opus Dei, ensinado por seu
fundador.
3. Se o senhor tiver o cuidado de informar-se
melhor com a "autoridade suprema" a que recorri, verá que minha única
preocupação foi a de não trazer à Lista um assunto absolutamente sem
sentido para a grande maioria de seus participantes (como, de fato, já começaram
a aparecer manifestações neste sentido, pela mensagem da Juliana). Na
verdade, o senhor preparou-me uma armadilha, e eu nela caí: o senhor já tem
a sua versão daquilo que crê ser a verdade. O que quer é tão sómente
justifica-la. Talvez já tenha feito isto outras vezes com outras pessoas, em
relação a outros assuntos, não é verdade? Pode ser. Enfim, este é o tipo
de "diálogo" que nunca terá fim, a não ser o desgosto....
4. Como o senhor já comunicou-se com a
Quadrante (até surpreendentemente elogiando os "livritos": será
verdadeiro o elogio, ou uma "restrição mental bastante larga" de
sua parte...) como fez-me ver na primeira mensagem, penso que seria
interessante "dialogar" com os responsáveis pela Editora.
5. De minha parte, penso não ter mais nada a
dizer-lhe em relação às informações que tanto busca. Perdoo-lhe o fato de
ter-me chamado publicamente de mentiroso. Se o ofendi em algo, peço-lhe que
me desculpe também.
Pe. A.C.R.K
**********************
Msg 25) De: "Marcio Antonio
Campos" <marcio.castro.campos@i...> Data: 18-12-02
Oi, J. Carlos!
*****
Espero que estes episódios sirvam de exemplo para
outras herméticas
instituições católicas como a Editora Quadrante, da
qual continuo
pacientemente a esperar respostas.
*****
Rapaz, eu vivo lendo os livros da
Quadrante. O que tem de errado lá?
Abraço
Marcio Campos
**********************
Msg 26 De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Sex Dez 20, 2002 12:43 pm
Assunto: Editora Quadrante e Márcio António
Campos
Estimado jovem amigo Márcio António,
Primeiramente fico-lhe muito grato pelo
vocativo "rapaz" que você usou a meu respeito. Embora já não seja
eu tão jovem, alegrou-me saber que estamos etariamente em pé de igualdade.
Faz um certo tempo recebi mensagem sua em
que você reproduz minhas palavras e faz uma exclamação:
J.Carlos:
> Espero que estes episódios sirvam de exemplo para
outras herméticas
> instituições católicas como a Editora Quadrante,
da qual continuo
> pacientemente a esperar respostas.
Márcio António:
> Rapaz, eu vivo lendo os livros da Quadrante. O que
tem de errado lá?
A sua pergunta ("o que tem de errado lá?")é
uma boa pergunta. Já em outras plagas discuti com o Revmo. Pe. António
Keller e o Sr. Hélio, do Rio de Janeiro, que me afirmaram não haver nada de
errado. Foi uma longa discussão da qual saí com algumas certezas e umas
tantas dúvidas renitentes.
Uma dúvida renitente, e talvez você possa
ajudar-me a dirimi-la, é se a Editora Quadrante, que tem para mais de 8 mil
assinantes, jamais fez campanha para conseguir esse expressivo número de
assinantes.
Parece-me comercialmente absurdo que uma
editora, num país em que se diga que há tão poucos leitores, consiga (sem
fazer publicidade de nenhum tipo) que 8 mil pessoas paguem um valor adiantado
para receber em suas casas livros sobre formação religiosa católica.
Trata-se de algo meritório, não o estou a
questionar. Quantas e quantas almas e inteligências terão se beneficiado...
Mas fica-me a questão: como conseguiram tal proeza? O rapaz Márcio António
saber-me-ia esclarecer este aspecto?
Antes que me digam ser esta uma pergunta
capciosa e que estou a preparar uma sórdida armadilha ao meu colega de Lista,
digo-lhe que sei bem como o conseguiram: mediante campanhas sistemáticas, em
que dezenas de membros da Opus Dei se engajaram (alguns de boa vontade, outros
constrangidos a fazê-lo), campanhas nas quais o objectivo era conseguir
justamente que tal editora sobrevivesse e crescesse.
Pois bem, enviei uma pergunta muito séria à
Editora Quadrante. Queria saber se era uma editora oficial da Obra, instituição
pela qual tenho o maior apreço, e na qual tenho amigos caríssimos. A editora
não me respondeu nada e até hoje estou a desconfiar que essa mudez algo
significa.
Se a editora não é uma iniciativa oficial da
Obra, por que os membros desta são obrigados a fazer campanhas para aquela?
Isto me parece um flagrante acto de clericalismo.
Há ainda algo de errado na editora Quadrante,
no meu modo de ver. É que os livros que ela prepara, divulga e vende nem
sempre são lá essas coisas. Se você já os leu todos, lembrar-se-á, por
exemplo, de O CASO VALTER e de A SOGRA IDEAL, livritos que estão muito aquém
da bela proposta do espírito da Opus Dei e que, de facto, devem enrubescer
alguns membros da Obra obrigados a comercializá-los.
Parece-lhe que estou a dizer disparates?
Muito obrigado
J. Carlos
******************************
Msg 27 ) De: "Marcio Antonio
Campos" Data: Sex Dez 20, 2002 1:01
Assunto: Re: [Jovens na Fé] Editora
Quadrante
Oi, J. Carlos!
>Uma dúvida renitente, e talvez você possa
ajudar-me a dirimi-la, é se
>a Editora Quadrante, que tem para mais de 8 mil
assinantes, jamais
>fez campanha para conseguir esse expressivo número
de assinantes.
Bom, essa questão você mesmo respondeu,
então vamos pular :-)
>mediante campanhas sistemáticas, em que
>dezenas de membros da Opus Dei se engajaram (alguns
de boa vontade,
>outros constrangidos a fazê-lo)
Constrangidos? Hm, frequento centros do
Opus Dei há 11 anos e nunca vi
ninguém ser "constrangido" a fazer
propaganda do Círculo de Leitura. Algum
membro da Obra te disse ter sido constrangido
a fazer divulgação? Além do
mais, não são só os membros do Opus Dei que
fazem propaganda. Eu mesmo já
tentei arrumar assinantes na época em que eu
fazia curso de Crisma (ninguém
topou).
Convenhamos, se vc tem em mãos um produto e
sabe que é bom, você vai mostrar
pros seus amigos, não vai? Ainda mais quando
se trata de uma coisa que traz
boa formação católica - algo que, se os
jovens da minha paróquia tivessem
recebido direito quando fizeram o curso de
crisma na mesma época que eu, não
estariam se cas... ah, deixa pra lá.
>Pois bem, enviei uma pergunta muito séria à
Editora Quadrante. Queria
>saber se era uma editora oficial da Obra, instituição
pela qual tenho
>o maior apreço, e na qual tenho amigos caríssimos.
Não, não é uma editora oficial, e posso
explicar. Ela é, sim, uma editora
criada e mantida por membros do Opus Dei (não
sei dizer se todos os
funcionários, no entanto, são da Obra), mas
que juridicamente não tem nada a
ver com a instituição Opus Dei. É como a
Universidade de Navarra, na
Espanha, que também foi criada por gente da
Obra. Para simplificar, digamos
que o objetivo da Obra é dar formação católica
para quem se aproxima do Opus
Dei, e não gerenciar editora ou universidade.
O Opus Dei deixa isso livre
para seus membros, que afinal são leigos como
quaisquer outros e têm o
direito de se associar pra fazer isso ou
aquilo, e, como instituição, não se
mete na administração da editora,
universidade, hospital ou seja o que for.
Espero que tenha ajudado a esclarecer.
> Se a editora não é uma iniciativa oficial da
Obra, por que os membros
> desta são obrigados a fazer campanhas para aquela?
Não sei se "obrigado" é a
palavra, eu pelo menos nunca vi ninguém ser
obrigado a divulgar Círculo de Leitura.
> Isto me parece um flagrante acto de
clericalismo.
Como assim?
>É que os livros que ela prepara, divulga e vende
nem sempre são lá
>essas coisas.
Bom, isso é um mal do qual nenhuma editora
está a salvo, infelizmente.
> Se você já os leu todos
Todos, não. Li muitos, mas não todos :-)
> O CASO VALTER e de A SOGRA IDEAL
Tenho os dois em casa e não li, o primeiro
porque na época estava lendo
outras coisas e acabou encostado na estante. O
segundo, porque ainda não
tenho sogra (não que não esteja procurando,
de preferência com uma filha
simpática, bonita e católica :-D) e,
obviamente, também não tenho nora.
> livritos que estão muito aquém da
>bela proposta do espírito da Opus Dei e que, de
facto, devem
>enrubescer alguns membros da Obra obrigados a
comercializá-los.
Bom, acontece. Não dá pra exigir que todo
livrinho da Quadrante seja uma
"Cidade de Deus" (o livro, não o
filme, que tbm é bom por sinal), mas
imagino que se a qualidade literária não é
das maiores, pelo menos não deve
ter nada doutrinalmente errado lá, ou tem?
Imagino que a seja uma tarefa
muito pior fazer propaganda da editora que
publica as coisas do Leonardo
Boff...
Além do mais, são apenas dois livrinhos em
uma coleção de centenas de obras
publicadas... (não estou querendo justificar,
só dizendo que não acho que
seja justo fazer um perfil da editora com base
nesses dois livros)
Por último, se você não gostou dos livros,
eu recomendo sinceramente fazer
uma reclamação. Explique os seus motivos,
etc. Se não responderem, pelo
menos a sua parte você fez.
Um abraço
Marcio Campos
*************************
Msg 28 De: "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Sex Dez 20, 2002 5:03 pm
Assunto: Re: Editora Quadrante e
clericalismo na Opus Dei do B
Estimado Márcio António,
Agradeço imenso sua resposta, uma vez que
meu interlocutor inicial, o Rv.mo Pe. António Carlos Rossi Keller, tanto na
lista Mundocatolico como na lista Catolicos, como ainda em privado, abortou
abruptamente o diálogo. Ele ainda por cima é da Opus Dei.
O tema do clericalismo é o fulcro desta
nossa discussão que, portanto, ultrapassa questões menores relativas ao
funcionamento da editora: o que está em jogo aqui é exactamente o facto de
uma provável distorção na Opus Dei brasileira do legítimo e santo espírito
de seu santo Fundador, de quem sou, pessaolmente, muito devoto, e posso
inclusivamente dizer que ele me tem prestado bons serviços. Exactamente o
"anti-clericalismo" é um dos pontos centrais do pensamento de são
Josemaría; recorda-me tê-lo ouvido dizer veementemente num filme: "Soy
anticlerical; el Opus Dei es anticlerical!!". Que é que ele queria dizer
com isto? Queria, em suas próprias palavras, "defender a liberdade
glostriosa dos filhos de Deus" ou, numa outra conhecida expressão sua:
"não há dogmas nas questões temporais". Todas as biografias
"autorizadas" do Padre ressaltam isto: certamente o terás lido também
no Peter Berglar, Vázquez de Prada, Salvador Bernal etc. etc.
Clericalismo, portanto, seria, segundo a
mente do S. Josemaría, que alguém se valesse do facto de ser católico, ou
de ser da Opus Dei, para a consecução de fins temporais; isto, diz lá o
Fundador, sería "beatería, y a mí los beatos me dan vómitos". E
é, pelo que sei, exactamente o que está a ocorrer no caso da Editora
Quadrante.
O senhor Márcio António faz uma analogia
com a Universidad de Navarra. A analogia tem lá suas limitações pela razão
de que a Universidad de Navarra é, no jargão opusdeístico, uma "obra
corporativa", o que significa – como saberá melhor do que eu – que
se trata de uma instituição sobre a qual a própria Opus Dei assume a
responsabilidade espiritual pela doutrina que lá é ensinada. No caso da
Quadrante não temos uma obra corporativa, mas, aparentemente, como você bem
o diz, uma iniciativa de alguns membros da Obra.
Todo o problema está em que ESTA
iniciativa NÃO é uma iniciativa a mais, livre e responsável, como teria
gostado o Fundador. Márcio António diz não saber qual é a composição do
staff da Editora Quadrante nem se todos os seus funcionários são membros da
Obra.
Para que possamos discutir adequadamente,
passo-lhe algumas informações objectivas, que nenhum membro da Opus Dei terá
coragem de negar frontalmente (quanto a reservas mentais, aí já são outros
quinhentos...).
O fundador, presidente e autoridade máxima
na Editora Quadrante é o Sr. Dr. Emérico da Gama quem, "por
acaso", durante quase 40 anos tem ocupado o cargo de "Defensor"
da Obra no Brasil, o que vale dizer, o 2o. cargo mais importante na condução
dos destinos da Opus Dei em nosso país (se conhece um pouco da estrutura
organizacional da Prelatura, saberá que este é um facto absolutamente único
no mundo: em nenhum outro país alguém ocupa um cargo dentro da Obra por
tanto tempo...)
O segundo no mando da Editora Quadrante é
o Sr. Luiz Eduardo de Aguiar Meira, também durante décadas o responsável
nacional pelo trabalho da Obra com a juventude...
Na área contábil, temos outro membro da
Obra, também ele, durante muitos anos responsável nacional pelas finanças
da Prelatura no Brasil, o sr. Dr. José Carlos de Sousa Lima; e, finalmente,
sem cargos, mas executando o trabalho indicado pelo Dr. Emérico e pelo Sr.
Luiz Eduardo, outro membro numerário, o Sr. Henrique Elfes.
Ora, se me permite a mim também uma
analogia, eu gostava de trazer a baila o recente episódio da nomeação do
Gilberto Gil para ministro da Cultura. Como todos se recordam, ele começou
dizendo que sim aceitava, mas desde que lhe fosse permitido continuar a dar os
seus shows e a actuar como artista. Foi-lhe objectado que isto seria impossível:
afinal seria uma falta de ética, na medida em que os súditos do senhor
ministro se sentiriam obrigados a difundir e aplaudir os seus shows, a
puxar-lhe o saco (desculpe o português claro) sob pena de não terem seus
projectos (e recursos...) aprovados pelo Ministério....
Ora, numa instituição que estebelece a
virtude da obediência como um valor supremo, o simples facto de a Editora
Quadrante ser promovida pelo Dr. Emérico da Gama (que tem na Obra cargo
equivalente ao de presidente da República, embora com muitos mais poderes
internos) já de per si constituiria um notável constrangimento para todos os
membros da Opus Dei. E ainda por cima, contrariando tudo o que o Fundador
ensinou, estabelecem-se subtis (ou não tão subtis) mecanismos de pressão
junto aos membros numerários e supranumerários para que atinjam as metas de
venda do Dr. Emérico. Há, desde há muitos anos, campanhas, quotas, reuniões
de verificação de metas de venda do Círculo de Leitura, exactamente como se
fossem coisas directamente ligadas ao espirito da Obra, como se a Editora
Quadrante fosse uma extensão da Opus Dei; ou pior: como se a Opus Dei fosse
uma extensão da Editora Qadrante: afinal de contas tudo é obra do Dr. Emérico.
Está a ficar claro o que é o
clericalismo?
Naturalmente, este clericalismo é
facilitado pelo facto de que é a Quadrante que publica os ivros do Fundador,
dos Prelados da Prelatura, as biografias do Fundador etc. daí que "subtilmente"
haja em todos e cada um dos centros da Obra uma lojinha da Editora Quadrante;
no Cebtro que o Sr. Márcio António frequenta, de certeza que há. pois não?
É clericalismo porque os livritos da
Quadrante configuram, como posso indicar em um próximo lance de nossa discussão,
uma opção editorial muito concreta, quase diria peculiar, mas que, em
qualquer caso, nada têm a ver com a Opus Dei; são pelo contrário a expressão
dos gostos pessoais do Dr. Emérico. E – tal como no caso do Gilberto Gil
– é muito difícil para um súdito não alinhar, principalmente porque os
membros da Opus Dei têm ademais um compromisso de obediência...
Desse modo, a grandeza e a universalidade
da Obra ficam, no Brasil, amesquinhadas, distorcidas, aviltadas mesmo,
reduzidas a umas opções de gosto pessoal de um director... Em outra lista,
dei-me ao trabalho de apontar as linhas mestras desse perfil editorial:
autores nascidos no século dezanove, que tinham lá algum interesse nos
tempos em que o Dr. Emérico estudava em Portugal e pensadores de segunda
linha da Espanha de hoje (com honrosas excepções, naturalmente).
Numa outra lista vieram a perguntar de onde
provém estas informações. Interveio o ilustre Prof. Dr. Hae Yong Kim, da
Universidade de São Paulo, afirmando que viveu muitos anos num centro da Obra
e a confirmar todas elas.
Aguardo sua resposta para trazer outras
informações que, penso, podem ajudar muitíssimo a Opus Dei no Brasil a
corrigir seus cacoetes específicos.
Não posso deixar de referir o espírito de
corpo (e espero que não seja o caso do Sr. Márcio António) que levou, em
outra lista, ao Rv.mo Pe. António Carlos Rossi Keller (numa discussão que
chegou a uma troca de 20 mensagens e foi subitamente abortada pelo Senhor
Padre) a começar com rasgados elogios, afirmando que todos os membros da Obra
são colaboradores "espontáneos"da Quadrante, porque estão
"conscientes de que hoje, nas Editoras Católicas, não se encontra muita
coisa de sólido em matéria de espiritualidade." E acabou,
melancolicamente por dizer: "A Editora Quadrante, na minha opinião é
mesmo muito modesta e falha" e que ele mesmo agora limita-se a fazer a
sua propria assinatura e mais nada...
Muito obrigado
J. Carlos
**************
Msg 29 - De: "Marcio Antonio
Campos" Data: Sex Dez 20, 2002 5:41 pm
Assunto: Re: [Jovens na Fé] Re: Editora
Quadrante e clericalismo na Opus Dei do B
Oi, J. Carlos!
>santo
>Fundador, de quem sou, pessaolmente, muito devoto, e
posso
>inclusivamente dizer que ele me tem prestado bons
serviços.
Que bom! :-)
> Exactamente o "anti-clericalismo" é
um dos pontos centrais do
> pensamento de são Josemaría
É justamente por isso que eu estranhei a
sua afirmação de antes, eu conheço
essas citações :-)
> O senhor Márcio António faz uma analogia com a
Universidad de Navarra.
> A analogia tem lá suas limitações pela razão de
que a Universidad de
> Navarra é, no jargão opusdeístico, uma "obracorporativa",
o que
> significa - como saberá melhor do que eu - que se
trata de uma
> instituição sobre a qual a própria Opus Dei
assume a responsabilidade
> espiritual pela doutrina que lá é ensinada.
Entendi. Mas nos dois casos a instituição
Opus Dei não se mete na administração do negócio. Não sei que outros
exemplos no Brasil eu poderia dar. Acho - ***acho*** - que em Curitiba tem uma
agência de turismo criada por pessoas da Obra, mas também não sei se a
comparação seria ideal porque viagem é uma coisa puramente temporal. Acho
que poderíamos colocar a editora num meio-termo.
> No caso da Quadrante não
> temos uma obra corporativa, mas, aparentemente,
como você bem o diz,
> uma iniciativa de alguns membros da Obra.
Isso. Ela pode ter sido inclusive
incentivada pela Obra, como uma maneira de difundir a formação católica,
pode ser uma idéia que saiu num convívio, sinceramente não sei. Mas, em
qualquer caso, a administração da editora fica a cargo daqueles que a
criaram, e o Opus Dei não tem nada a ver com isso, juridicamente falando.
> O fundador, presidente e autoridade máxima na
Editora Quadrante é o
> Sr. Dr. Emérico da Gama quem, "por
acaso", durante quase 40 anos tem
> ocupado o cargo de "Defensor" da Obra no
Brasil, o que vale dizer, o
> 2o. cargo mais importante na condução dos
destinos da Opus Dei em
> nosso país
Não sabia que existia um cargo chamado
"defensor". Sei que o número 1 da
Obra no Brasil é o padre Vicente Ancona
Lopez.
> (se conhece um pouco da estrutura organizacional
da
> Prelatura, saberá que este é um facto
absolutamente único no mundo: em
> nenhum outro país alguém ocupa um cargo dentro da
Obra por tanto
> tempo...)
Conheço um pouco da estrutura, mas não
tenho nenhum conhecimento dos
bastidores. O Fundador, e os que o sucederam,
podem ter suas razões para
manter o dr. Emérico por tanto tempo com esse
cargo, nesse caso nem eu nem
você temos como saber. Pode até ser que esse
seja um fato único no mundo
realmente, mas não acho que isso dê margem a
qualquer espécie de especulação
como se houvesse algo errado com a Obra no
Brasil.
> O segundo no mando da Editora Quadrante é o Sr.
Luiz Eduardo de Aguiar
> Meira, também durante décadas o responsável
nacional pelo trabalho da
> Obra com a juventude...
Vale a mesma observação.
> finalmente, sem
> cargos, mas executando o trabalho indicado pelo Dr.
Emérico e pelo Sr.
> Luiz Eduardo, outro membro numerário, o Sr.
Henrique Elfes.
O Henrique eu conheço, morou por um tempo
no centro de estudantes que comecei a frequentar quando me mudei pra São
Paulo. Uma mente absolutamente genial, e ótimo tradutor também! :-)
> Ora, numa instituição que estebelece a virtude
da obediência como um
> valor supremo, o simples facto de a Editora
Quadrante ser promovida
> pelo Dr. Emérico da Gama (que tem na Obra cargo
equivalente ao de
> presidente da República, embora com muitos mais
poderes internos) já
> de per si constituiria um notável constrangimento
para todos os
> membros da Opus Dei.
Isso pode ser dito partindo-se do
pressuposto de que o dr. Emérico, ou os membros do Opus Dei no Brasil, não
saibam separar as coisas, e nesse caso prefiro dar a eles o benefício da dúvida.
Não conheço o dr. Emérico, mas imagino que ele deva ter seus méritos para
assumir o comando de uma editora - sei, por exemplo, que alguns/vários livros
da Quadrante foram
traduzidos por ele. Seria meio estúpido que o
colocassem pra rodar a Quadrante simplesmente porque ele é o n.o 2 da Obra no
Brasil.
> mecanismos de pressão junto aos membros numerários
e supranumerários
> para que atinjam as metas de venda do Dr. Emérico.
Não sei de pressão. Eu posso afirmar
apenas pelo que vejo, das pessoas da Obra que eu conheço, nenhuma é
"pressionada" para divulgar o Círculo de Leitura, muito pelo contrário.
> Há, desde há muitos
> anos, campanhas, quotas, reuniões de verificação
de metas de venda do
> Círculo de Leitura
Que eu saiba, *todo* negócio que quer ir
pra frente estabelece metas, tem quotas e faz campanhas. Se não fosse assim,
não tinha uma mocinha do banco me ligando periodicamente pra ver se eu não
queria fazer um título de capitalização, ou arrumar uma previdência
privada.
> exactamente como se fossem coisas directamente
> ligadas ao espirito da Obra
Como assim, o fato de haver campanhas,
quotas etc. "como se fossem coisas directamente ligadas ao espirito da
Obra"? Não entendi.
> Naturalmente, este clericalismo é facilitado
pelo facto de que é a
> Quadrante que publica os ivros do Fundador, dos
Prelados da Prelatura,
> as biografias do Fundador etc. daí que "subtilmente"
haja em todos e
> cada um dos centros da Obra uma lojinha da Editora
Quadrante; no
> Cebtro que o Sr. Márcio António frequenta, de
certeza que há. pois não?
Tem sim. E não é sutilmente não. Os
livros estão lá pra ser vendidos mesmo. Quero dizer, "em todos esses
anos nessa indústria vital", como diria o personagem do desenho do
Pica-Pau, nunca vi alguém ficar cornetando no meu ouvido (e nem no de ninguém)
"compre livros! compre livros!", como se fosse o chocolate Baton :-)
Imagine, você vai ao oratório fazer
leitura espiritual e gosta do livro; o sacerdote recomenda um determinado
livro; você vai ao retiro/convívio/recolhimento e adorou um livro que viu lá.
Ora, com as lojinhas nos Centros você pode arrumar o livro sem complicação.
A idéia é
mais ou menos essa.
> É clericalismo porque os livritos da Quadrante
configuram, como posso
> indicar em um próximo lance de nossa discussão,
uma opção editorial
> muito concreta, quase diria peculiar, mas que, em
qualquer caso, nada
> têm a ver com a Opus Dei; são pelo contrário a
expressão dos gostos
> pessoais do Dr. Emérico.
Please corrija-me se estou errado. Seu
raciocínio é: como quem manda na Editora é o dr. Emérico, ele escolhe o
que quiser para publicar (até aí, nada errado, é o trabalho dele como
editor, selecionar o que vai pra gráfica e o que vai pro "cesto
arquivo" - a piada sai muito melhor falada que escrita), e os empregados
da editora se resignam a publicar o que ele quer
porque ele é o "n.o 2".
> autores nascidos
> no século dezanove, que tinham lá algum interesse
nos tempos em que o
> Dr. Emérico estudava em Portugal e pensadores de
segunda linha da
> Espanha de hoje (com honrosas excepções,
naturalmente).
Será mesmo que esse perfil responde pela
maioria das publicações da Quadrante? Digo, tirando as coisas do/sobre o
Fundador ou sobre a Obra, é isso que sobra? Minha biblioteca (como se fosse
grande...) está dividida entre meu apartamento em Sampa e a casa dos meus
pais no interior, então não tenho como olhar e checar. Mas o que tenho aqui
não me parece mostrar um perfil definido. Verdade que não sei de cabeça
quem nasceu no século XIX ou
não e, bom, eu não tenho a menor condição
de classificar pensadores espanhóis contemporâneos em primeira e segunda
linha, então não vou dar palpite. Mas se você puder me dar alguns exemplos,
eu agradeceria.
Uma vez me disseram que os maiores sucessos
de bilheteria da Quadrante eram
os livros de d. Rafael Cifuentes...
> Interveio o ilustre Prof. Dr. Hae Yong Kim, da
Universidade de São
> Paulo, afirmando que viveu muitos anos num centro
da Obra e a
> confirmar todas elas.
Bom, então tá! :-) eu infelizmente não
tenho condições de dizer como é a coisa por dentro, o que eu digo é
baseado naquilo que vejo.
> hoje, nas Editoras Católicas, não se encontra
muita coisa de
> sólido em matéria de espiritualidade."
Ah, sinceramente tem uma boa dose de
verdade sim... digo, tem coisa boa na Loyola, na Vozes, nas Paulinas. Mas que
também tem muita coisa perigosa... e isso você não vai achar na Quadrante,
com certeza! :-) Os pensadores espanhóis podem ser de segunda linha, mas pelo
menos não pensam bobagem ;-)
Um abraço
Marcio Campos
***************
Msg 30 -
De: J. Carlos "xedre2000"
<xedre2000@y...> Data: Dez 21, 2002 10:20 am
Assunto: Clericalismo e a Editora
Quadrante
Estimado Márcio António,
Prossigamos em nossa esclarecedora conversação.
O clericalismo, abominado por são Josemaría
Escrívá, seria uma atitude impensável dentro da própria Opus Dei, mas,
conhecendo a história humana e a história da Igreja, podemos admitir, sem
escândalos farisaicos, que tal atitude poderia, lamentavelmente, acontecer
dentro da Obra, como de facto acontece no lamentável caso da Editora
Quadrante.
Você afirma que a Opus Dei "não se
mete na administração do negócio", no caso da Editora Quadrante. Com
isto concordo, mas o problemático não está aí. O problemático está em
que dois ou três membros da Opus Dei instrumentalizam a "máquina"
da Opus Dei, a saber, a boa vontade e a obediência de numerários e
supranumerários, para tocar a editora.
Você escreve: "Acho que poderíamos
colocar a editora num meio-termo". Num meio-termo perigoso, pois não?
Uma coisa ambigua, estranha, capaz de confundir os de dentro e os de fora. É
e não é obra corporativa? É e não é apenas uma iniciativa de alguns
membros? É ou não é?
Juridicamente falando, a editora realmente
nada tem a ver com a Opus Dei, mas o preocupante é que, de facto, nos
bastidores, por mais meritório que seja difundir formação católica, os
membros da Opus Dei recebem quotas, têm que pegar em cheques, depositá-los,
preparar relatórios de vendas, realizar trabalho pós-venda, prestar contas,
prometer superação de metas, como se funcionários fossem da editora. Muitos
o fazem de bom grado, porque pensam manifestar, com esse comportamento, bom
espírito. Trata-se, no entanto, de uma situação artificial. Se um membro da
Obra porventura se recusa (como alguns se recusaram e se recusam) a participar
activamente das campanhas, é submetido ao constrangimento de reuniões em que
fica exposto aos demais da casa que ele nada fez pela editora, gerando-se a
impressão (a falsa impressão) de que não está disposto a colaborar com a
própria Obra de Deus.
Senhor Márcio, está a compreender este
ponto? Foi exactamente o que você intuiu: o Dr. Emérico e muitos membros da
Opus Dei no Brasil não separam as coisas, no que tange ao caso quadrantino.
Os méritos do Dr. Emérico são tão meritórios quanto os méritos de outros
profissionais da Opus Dei, mas nem por isso os membros da Obra são obrigados
a distribuir, por exemplo, cartões de apresentação do jornalista Carlos
Alberto Di Franco e dizer que ele é o melhor jornalista do país, e vender o
livro "Jornalismo, ética e qualidade" que o professor Di Franco
publicou (Editora Vozes), pelo simples facto de ser um destacado membro da
Opus Dei e exercer dentro da Prelatura, no Brasil, um papel equivalente (mutatis
mutandis) ao que desempenha o Sr. Joaquín Navarro como porta-voz do Vaticano.
O facto de que alguns/vários livros da
Quadrante foram traduzidos pelo Dr. Emérico da Gama (na verdade, com a grande
e inestimável ajuda do verdadeiro tradutor dessa história, o Sr. Henrique
Elfes) não dá ao Dr. Emérico a autoridade de impor a todos os membros da
Obra que se tornem compulsoriamente vendedores dos livros que ele escolhe ou
traduz. Isso, meu jovem Márcio António, seria e é flagrante clericalismo,
com todas as letras.
A pressão exercida sistematicamente sobre
membros da Obra (e não por pessoas que apenas frequentam os centros, como é
o seu caso) para divulgar e comercializar o Círculo de Leitura existe,
justamente porque o Dr. Emérico quer que o negócio dele vá "pra
frente". É ele quem estabelece metas e quotas, é ele quem determina as
datas de começo e fim de campanhas. É por isso que periodicamente os membros
da Obra ficam ligando para amigos, para pais de pessoas que frequentam os
centros da Obra, para amigos de amigos, para colegas de trabalho e
professores, ou até mesmo para pessoas que não conhecem, para ver se eles não
querem comprar uma assinatura. Numerários, sobretudo, como amadores de
telemarketing...
O mais grave nisso tudo é que nesse afã
de conseguir assinaturas, de mostrar serviço, de provar aos dirigentes da
Obra que são pessoas obedientes, atropela-se o apostolado pessoal que, este
sim, é sinal de saudável espírito cristão. Há inúmeros casos de alunos
universitários que são da Opus Dei e, pressionados pela necessidade de
apresentarem resultados semanais nas reuniões com os directores dos Centros
(dos quais a Quadrante cobra resultados comerciais periodicamente!),
aproximam-se de seus professores para vender os livritos da Quadrante, o que
configura uma distorção do apostolado da Obra, no qual precedem a amizade, o
serviço desinteressado, a confidência, e não a venda de livritos!
Por isso, no espírito de muitos numerários
e supranumerários inoculou-se a crença de que, dado que a editora Quadrante
está tão intimamente ligada ao espírito da Obra, vender a assinatura do Círculo
de Leitura é, automaticamente, fazer apostolado, fazer a Opus Dei! Está a
entender agora o "espírito da coisa"?
Portanto, seu raciocínio está correcto:
"como quem manda na Editora é o Dr. Emérico, ele escolhe o que quiser
para publicar (até aí, nada errado, é o trabalho dele como editor,
selecionar o que vai pra gráfica e o que vai pro "cesto arquivo") e
os empregados da editora se resignam a publicar o que ele quer porque ele é o
"n.o 2"." — é justamente isso o que estou a dizer. Mas o
problema grave é que esses resignados empregados são também dezenas e
dezenas de numerários e supranumerários do Brasil inteiro, que devem, como
se se tratasse de uma obrigação moral perante Deus, uma obrigação
vocacional quase, aceitar os livros do Dr. Emérico, elogiar os livros do Dr.
Emérico, divulgá-los e comercializá-los, sem direito a dar um pio! Isto é
clericalismo ou não é?
À parte "as coisas do/sobre o
Fundador ou sobre a Obra", a maioria dos autores que sobram eu tive o
trabalho de identificar como autores de linguagem anacrónica e de propostas
que já não correspondem às actuais necessidades do leitor contemporâneo.
Tomo, para maiores esclarecimentos, a liberdade de reproduzir,
contextualizando, parte de uma de minhas mensagens ao Rev.mo Padre António
Keller:
Dissera-me o senhor Pe. Keller:
"Parece-me também muito exagerado afirmar que o
catálogo de livros da Quadrante seja "discutível": Estou com o Catálogo
aqui... Alguns autores dos "livritos" da Quadrante: Escrivá de
Balaguer, Jacques Leclercq, São João d'Avila, Raniero Cantalamessa, Thomás
More, Benson, Henri Ghéon, Karl Adam, Georges Chevrot, Leo Trese, Frei Luis
de Granada, Boaventura Kloppenburg, Estevão Bettencourt, Francisco Fernandes
Carvajal (Falar com Deus em 7 volumes, com Meditações para cada dia do ano),
Federico Suares, Romano Guardini, etc.... "
E eu lhe respondi:
"Se lhe parecem minhas opiniões exageradas,
vamos a ver... O senhor padre toma o Catálogo e menciona os autores
publicados pela Quadrante:
Escrivá de Balaguer - eu não incluí o Fundador
entre os autores medíocres, mas creio que qualquer editora pode e deve
publicar as obras desse santo homem.
Karl Adam (nasceu em 1876), Romano Guardini (nasceu
em 1885), Benson (nasceu em 1871), Jacques Leclercq (nascido também no século
retrasado), Georges Chevrot (nasceu em 1879), Henri Ghéon (nasceu em 1875),
Daniel-Rops (nascido em 1901), Marcele Auclair (nasceu em 1899) - são autores
bons para a época deles , não é?
Não são medíocres, são apenas desatualizados: a
Quadrante parou no tempo, na década de 40. São autores dos tempos do meu avô
em Portugal, muito antes dos bons ventos do Concílio Vaticano II e da difusão
mesma do espírito da Opus Dei, de modo que não os posso ver vinculados à
espiritualidade da Opus Dei. Não esperemos que vocês publiquem o Frei Betto...
mas algo um pouquito mais moderno... mais do bom pensamento católico
CONTEMPORÁNEO, que a Quadrante insiste em ignorar!
São João d'Avila, Thomás More - santos cujas obras
estão publicadas em outras editoras, de modo que, evidentemente, não são
medíocres...
Leo Trese - autor bom para a problemática
norte-americana (também ele um pouco desatualizado, não é?), com alguns
lampejos mas nada do outro mundo...
Frei Luis de Granada - Esse não é medíocre, longe
disso. Medíocres são os autores que escreveram:
"A Sogra Ideal",
"O caso Valter",
"Filhos: quando educá-los",
"Nervosismo e Depressão"
"Um novo feminismo"
"Cartas que não lerei"
Etc.
etc.
etc.
Boaventura Kloppenburg e Estevão Bettencourt - são
bons autores. Do primeiro publicaram um único folheto e do segundo também, e
são autores que publicam muito mais por outras editoras católicas.
Francisco Fernandes Carvajal (Falar com Deus em 7
volumes, com Meditações para cada dia do ano) - é um bom autor.
Raniero Cantalamessa - Não consta do site da Editora
Quadrante e deve estar no catálogo de outras editoras.
Paro por aqui pois não quero estar a maçá-lo.
Parece-me que com o exposto configuram-se certas tendências editoriais muito
concretas e datadas: autores antiquados do século dezanove e autores de
segunda linha da Espanha de hoje (além de alguns clássicos, ainda que fico a
me perguntar o porquê de nunca terem publicdo nada de nem sobre São Tomáz
de Aquino)."
Mas, voltando à questão da pressão
interna, o senhor Márcio admite não ter condições de dizer "como é a
coisa por dentro", e que se baseia naquilo que vê. Contudo, como a fé
vem pela audição, poderá por conta própria investigar melhor e descobrir
que o que estou a dizer é ou não é a pura verdade. Ponha-se no lugar de um
numerário (ou fale com alguns deles) que, totalmente entregue à causa santa
de difundir o espírito da Obra no mundo, recebesse como indicação geral,
proveniente dos altos escalões da Obra, o encargo de trazer um mínimo de dez
assinaturas por ano para a editora Quadrante. Já eu conversei com alguns
desses rapazes (amigos de meus filhos) que vieram em minha casa vender-me as
tais assinaturas sem terem lido os próprios livritos que estão a difundir.
É que o fazem por santa obrigação... mas não
por amor... sequer à leitura!
Não sou adepto da mediocridade. Pensadores
de segunda linha podem não pensar bobagem, mas o cristianismo não se
restringe a evitar bobagens. Ou melhor, é uma grande bobagem ter medo à vida
e limitar-se à segunda linha...
Espero que essas considerações o ajudem a
avaliar melhor o quadro todo. Gostava inclusivamente de que o senhor, que me
parece ser dono de um aguçado espírito investigativo, esclarecesse as suas dúvidas
pessoais por seus próprios meios e depois me contasse o fruto da sua pesquisa
com relação ao tema que estamos a discutir.
Um abraço
J. Carlos